OUTROS TEMPOS...OUTROS COSTUMES
Neste longo caminho percorrido
lado a lado nos bons e maus momentos
fez de nós dois um ser unificado
pelos mais fundos, ternos sentimentos
Carlos Drummond de Andrade
Ayrton eu nos casamos em 26 de dezembro de 1953, depois de dois anos entre namoro e noivado.
Foi uma cerimônia simples e em casa demos uma “reunião” como pudemos. O dinheiro era curto e só deu para reunir a família e uns poucos amigos. Para nós isso não era importante. Nós é que éramos importantes para nós.
Casei virgem. Era o usual da época. Embora os instintos fossem os mesmos que sempre foram, os desejos fossem tão grande quanto nossa ligação afetiva, nem se cogitava que pudessem existir relações sexuais pré-matrimoniais (pelo menos no meu contexto familiar e no nosso meio social de classe média baixa (?). Os mais intelectuais como os da Faculdade tinham outros comportamentos).
Os desejos físicos eram reprimidos e por isso mesmo aumentando sempre, de modo que a “noite de núpcias” tinha realmente o significado de primeira relação, embora umas “prévias” fossem normais durante o noivado. Prévias simples, nada de muito íntimo.
Naturalmente isso tinha uma explicação: qualquer relação tinha o risco de gravidez. Poucas pessoas da geração jovem sabiam sobre controle de natalidade. Camisinha era o maior tabu (se compravam meio escondido na farmácia, só com farmacêuticos do sexo masculino e só homens as compravam. Hoje se encontra em qualquer super-mercado e é accessível a qualquer um). Pouco se conversava sobre o assunto, e os anticoncepcionais surgiram muito depois
Gravidez fora do casamento marginalizava a mulher e até o filho, até então considerado ilegítimo se fora do casamento. (melhoramos muito em termos sociais).
Assim, tudo levava a um controle dos desejos, que, no que dizia respeito aos homens eram satisfeitos com prostitutas, ou, se a relação emocional já existia (amor) era sublimado com os arroubos românticos, os sonhos durante as músicas tema do casal (a nossa era Mona Lisa) ou até sentindo um perfume característico da mulher (o meu era Flor de Maçã de Helena Rubinstein).
Casamos e passamos nossa noite de núpcias no nosso apartamento da Rua Faustolo e na segunda feira fomos, no carro de meu pai, para uma viagenzinha. Piracicaba, S. Pedro, e S. Carlos na casa de meus sogros, e na passagem do ano 1953-1954 passamos com toda a família, porque meus pais também foram.
Ansiosos por voltar , assumir nossa casa e começar a vida a dois.
lado a lado nos bons e maus momentos
fez de nós dois um ser unificado
pelos mais fundos, ternos sentimentos
Carlos Drummond de Andrade
Ayrton eu nos casamos em 26 de dezembro de 1953, depois de dois anos entre namoro e noivado.
Foi uma cerimônia simples e em casa demos uma “reunião” como pudemos. O dinheiro era curto e só deu para reunir a família e uns poucos amigos. Para nós isso não era importante. Nós é que éramos importantes para nós.
Casei virgem. Era o usual da época. Embora os instintos fossem os mesmos que sempre foram, os desejos fossem tão grande quanto nossa ligação afetiva, nem se cogitava que pudessem existir relações sexuais pré-matrimoniais (pelo menos no meu contexto familiar e no nosso meio social de classe média baixa (?). Os mais intelectuais como os da Faculdade tinham outros comportamentos).
Os desejos físicos eram reprimidos e por isso mesmo aumentando sempre, de modo que a “noite de núpcias” tinha realmente o significado de primeira relação, embora umas “prévias” fossem normais durante o noivado. Prévias simples, nada de muito íntimo.
Naturalmente isso tinha uma explicação: qualquer relação tinha o risco de gravidez. Poucas pessoas da geração jovem sabiam sobre controle de natalidade. Camisinha era o maior tabu (se compravam meio escondido na farmácia, só com farmacêuticos do sexo masculino e só homens as compravam. Hoje se encontra em qualquer super-mercado e é accessível a qualquer um). Pouco se conversava sobre o assunto, e os anticoncepcionais surgiram muito depois
Gravidez fora do casamento marginalizava a mulher e até o filho, até então considerado ilegítimo se fora do casamento. (melhoramos muito em termos sociais).
Assim, tudo levava a um controle dos desejos, que, no que dizia respeito aos homens eram satisfeitos com prostitutas, ou, se a relação emocional já existia (amor) era sublimado com os arroubos românticos, os sonhos durante as músicas tema do casal (a nossa era Mona Lisa) ou até sentindo um perfume característico da mulher (o meu era Flor de Maçã de Helena Rubinstein).
Casamos e passamos nossa noite de núpcias no nosso apartamento da Rua Faustolo e na segunda feira fomos, no carro de meu pai, para uma viagenzinha. Piracicaba, S. Pedro, e S. Carlos na casa de meus sogros, e na passagem do ano 1953-1954 passamos com toda a família, porque meus pais também foram.
Ansiosos por voltar , assumir nossa casa e começar a vida a dois.
Comentários
Sou de Natal-RN, conheci seu blog através do site da Folha de São Paulo. Adorei este texto sobre seu casamento. Apesar de ter bem menos experiência (tenho 29, devo estar com o sol a pino de acordo com Machado)identifique-me com este texto, pois fiz tudo ao contrário. É engraçado pensar isso. Será que ainda há o que mudar neste ponto?
Um abraço e parabéns por sei blog!
Layana
Mas temos que fazer a nossa parte ! Por isso que adoro unir minha familia, e trocar experiencias... é tão bom !
Embora a sociedade fosse muito rigída antigamente, algumas "modernidades" de hoje me incomodam.
Alguns valores estão perdidos.
adorei o blog ^^
Tomo a liberdade de enviar para a senhora um trecho de um poema de Jorge Luis Borges que dei à minha mãe quando ela fez 80 anos.
"A Velice pode ser o nosso tempo de ventura.
O animal morreu ou quase morreu.
resta o que importa:
O homem e sua alma"
Um beijo enorme e carinhoso
Yara Peres
www.blogdayara.com.br