DEZEMBRO CULTURAL

Dezembro é um mês anômalo e embora sejam muitos os eventos musicais, os muitos compromissos me dividem e eu não posso aproveitar bem. Mas, vamos ver o que consigo.

No dia 01 já tivemos a nossa ópera em filme no IIC (Istituto Italiano di cultura) Desta vez foi LA TRAVIATA de Verdi.
Já assisti inúmeras traviatas, em múltiplas encenações e produções desde as clássicas com roupagem de época, até produções quase atuais (2005) com cenário pobre e modernoso, com roupagens atuais, vestidinhos curtos e rodados, mostrando roupas intimas, e até o “mocinho” i Alfredo no palco com as cuecas aparecendo. Mas a de hoje foi diferente. Mais ou menos tradicional, mas com uma inovação que Sergio Casoy nos proporcionou. Uma experiência inédita, selecionando o tipo de soprano mais indicado pra cada ato.
Como as vozes necessárias para cada um dos 3 atos são a rigor, de sopranos diferentes, ele escolheu atos de 3 montagens distintas com as melhores vozes de cada uma.
Para o primeiro ato uma soprano coloratura, bem adequada ao enredo. Gravado em 1992 no Teatro La Fenice. Não teria dramaticidade para cantar o terceiro ato.
No segundo ato segundo Sergio a soprano que mais se adaptou é intermediária. Começa a ser dramática. Gravada em 2006 em Los Angeles.
E no terceiro ato uma soprano dramática como pede o enredo. Nunca seria capaz de cantar bem o primeiro ato. Gravada em 1994 no Covent Garden de Londres.
Maravilha mesmo são os coros de Verdi e na Traviata o balê do segundo ato. Nesta produção um balê flamengo.

Na sexta feira (o4) nos Encontros Culturais do Terron o filme escolhido foi light, alegre. Bem holiwoodiano, musical clássico de 1951 não faz meu gênero, mas para mim se salvaram as musicas do Guershwin: o Concerto em Fa magistralmente executado numa cena de sonho e a apoteose final de “Um Americano em Paris” com tudo a que Holliwood tem direito em mistura de cores e cenários. Próprio da época.

Dia 07 na USP, o concerto de encerramento da temporada 2009 e de estréia da Maestrina Ligia Amadio como titular. Já a havia visto reger neste ano mesmo acho que no Municipal.
Programa incompleto – o completo será apresentado amanhã na Sala São Paulo – teve como peça inicial a Abertura Concertante de Mozart Camargo Guarnieri. Em seguida um concerto de violino e orquestra de Camille Saint Saëns. Violinista Yang Liu muito aplaudido (chinês? Japonês? O programa não diz)

Dia 08 – Novamente ópera filmada, a ultima de 2009. Foi a Lucia de Lammermoor baseada em novela homônima de Sir Walter Scott. Produção de 2003 – Teatro Carlo Felice di Genova.
Drama trágico (tragicidade ao máximo) é uma ópera sanguinolenta com as mortes esperadas nesse gênero, com mortes lentas lavadas em sangue, desesperos, loucura. Um sufoco!!!!!!. Mas, bons cantores e boas performances, o que nem sempre é fácil conseguir.
Para este ano acabaram as óperas filmadas!!!!!!
Despedidas de pessoas que pouco se conheciam.

No dia 13, grande frustração que valeu até um texto especifico.

No dia 18 o transito difícil nos impediu de ir ao CIEE para recital.

Dia 21, finalmente na Sala São Paulo. Como é linda!!!!! Olho para cima e me encanto com a clarabóia. Olho para os lados e as colunas corintias, remanescente da Estação Julio Prestes, seguram meu olhar por minutos. Fecho os olhos e “sinto” a musica ocupando todo espaço. O Encontro de Gerações da USP ofereceu um coquetel e musica, muita musica. Ponto alto a nova titular da Orquestra Sinfônica da USP, maestrina Ligia Amadio. Loira, jovem, bonita, elegante, envolta em uma nuvem azul do vestido de muito bom gosto. Deu o tom colorido no conjunto preto e branco dos músicos da orquestra. Nem ela imagina como o conjunto ficou bonito.
È condutora do jeito que eu gosto: se envolve, vibra e vive todas as notas. Transmite seu entusiasmo.
No programa Francisco Braga, Ravel e Saint-Saëns. Gilberto Tinetti solou no piano o concerto de Ravel. É outro que eu vi embranquecerem os cabelos, tanto tempo faz que acompanho sua trajetória.

E até o final do ano, nenhum bom programa. E se tiver não vou, tenho muito serviço atrasado.


Em Artes Plásticas também o ultimo dia das magistrais aulas de Renato Brolezzi no MASP. Desta vez o artista enfocado foi Diego de Rivera. E eu que pensei que conhecia alguma coisa de arte. Conheço é nada. Desse artista, conhecia só o nome. Aprendi muito sobre sua nacionalidade, seu envolvimento político no México e seu comunismo evidente nas obras, sempre com significado de trabalho, terra....Sua vida com Frida Kahlo (comovente a vida dessa artista mexicana) Relações com Leon Tolstoy, comparação com Siqueiros e com Giotto. O Mural Ford V 8 de Nova York, enorme, totalmente destruído e refeito no México. E outras coisas mais devidamente registradas.

Ainda não consegui tempo para ir à outras exposições. Estudo um pouco de arte em casa porque tenho muitas coleções. Tenho para me “bombardear” visualmente a Vênus no Espelho do espanhol Velásquez. Antes do final do ano troco essa imagem por outra. Ainda não escolhi.

Tenho lido pouco. Mais textos (ainda), revistas atuais e pela metade no livro do Sergio Casoy – sobre ópera. Muito, muito bom.

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