TEATRO CULTURA ARTÍSTICA EM SAO PAULO - HISTÓRIA

TEATRO CULTURA ARTÍSTICA
Teatro Cultura Artística  pertence à Sociedade de Cultura Artística
Projetado por Rino Levi e construído entre os anos 1947 e 1950, no terreno do antigo Velódromo de São Paulo, o primeiro estádio de futebol do país, o teatro teve sua inauguração realizada em duas noites, nos dias 8 e 9 de março de 1950, a cargo de Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, que revezaram-se na regência da Sinfônica de São Paulo e apresentaram obras suas.
O teatro funcionou na Rua Nestor Pestana e continha  duas salas superpostas, a Sala Esther Mesquita com 1.156 poltronas, e a Sala Rubens Sverner com 339, ambas com acesso para deficientes físicos e ar condicionado. A fachada do Teatro Cultura Artística exibe o maior afresco existente de Di Cavalcanti, medindo 48 metros de largura por oito de altura, feito em mosaico de vidro


Teatro Cultura Artística na sua versão de 1950 até 2008

Painel de Di Cavalcanti 


O Teatro Cultura Artística  foi uma de nossas salas de concerto favoritas. . A visão do palco era perfeita de qualquer assento, e as poltronas muito confortáveis.
Situava-se num dos principais pontos culturais de São Paulo (a Praça Roosevelt), os preços dos ingressos eram bem acessíveis (em relação à qualidade dos espetáculos aos que a sala abrigava). O Cultura Artística tornou-se símbolo da vida cultural de São Paulo por manter-se sempre fiel à proposta de oferecer espetáculos de qualidade.
Frequentávamos o Teatro pelos concertos apresentados e nas segundas feiras era nosso lugar de costume pela Orquestra Sinfônica de São Paulo, e às sextas feira íamos ao Teatro Municipal. Nossa vida musical era intensa na década de 70. Íamos diretamente do trabalho, comíamos por lá, tinha facilidade de estacionamento ao lado e voltávamos sempre tarde, mas satisfeitos com a música.
Há passagens interessantes quando passei um dia inteiro atrás de ingressos para a apresentação da Nona Sinfonia de Beethoven, correndo atrás do banco patrocinador, mas conseguindo algo que era de importância capital  para nós. 
Na década de 80, já com mais envolvimento familiar ficamos quase só com o Teatro Municipal. Mas no inconsciente cultural nunca nos desprendemos do Teatro Cultura Artística.  
Mas, no domingo, dia 17 de agosto de 2008, um incêndio atingiu o Teatro Cultura Artística, destruindo toda uma história de música e drama. O teto do teatro desabou, o terceiro andar, onde ficava a Sala Esther Mesquita  foi totalmente destruído, o andar de baixo ficou alagado e  todo o figurino e cenário das peças ”O Bem Amado” e ”Toc Toc”, além de dois pianos, mesas de som e de luz e outros equipamentos foram destruídos.

Por milagre, o afresco de Di Cavalcanti na fachada, foi uma das poucas peças não danificadas durante as mais de quatro horas de fogo. O mural conta a sua história. Nele, a primeira imagem é a do grupo de artistas, jornalistas e intelectuais que, no início de 1912, assinaram, na redação de O Estado de S. Paulo, o termo de fundação da entidade, com o objetivo de "promover a popularização das obras de arte e literatura nacionais, pelo meio imediato de conferências públicas acompanhadas de concertos musicais






Na época do incêndio e depois dele.


Não se sabe o motivo do incêndio e, também, não se tem ideia do futuro que o Cultura Artística terá, a restauração já começou, mas a reinauguração prevista para 2012 não aconteceu.
O processo de restauração do painel de Di Cavalcante já está terminado,  e em 2012 ainda a situação era esta:
A restauração do painel de Di Cavalcanti

E continua assim em 2014
Foto tirada em março de 2014

O novo teatro que a Cultura Artística começa a esboçar os planos para seu futuro. "Não se trata apenas de uma nova casa, é uma nova proposta que nasce”, diz Pedro Herz, presidente da entidade. "Ter uma nova casa, na maneira como a imaginamos, abre o leque de possibilidades de espetáculos que podemos oferecer, além, claro, de, nesta nova fase, estarmos trabalhando o diálogo com a Praça Roosevelt, pensando no estabelecimento de um enorme centro cultural,

 O espaço aberto pela demolição da boate Kilt, desapropriada pela Prefeitura, levou a alterações no projeto do novo teatro como um maior diálogo com a praça.
Como os laudos comprovaram que o foyer do térreo e o do primeiro andar resistiram bem ao incêndio de 2008, o desenho do novo teatro procurou "incorporá-los, de forma criativa"ao desenho atual, assim como o painel de Di Cavalcanti, cujo processo de restauração já foi terminado. Ao mesmo tempo, porém, o espaço aberto pela demolição da Kilt permitiu alterações na estrutura e posição do palco, pequeno na antiga formatação, e da plateia, que será menos "espalhada" e terá capacidade para 1.200 pessoas.



Interessante sem dúvida é a vizinhança do Teatro Cultura Artística e a Boate Kilt, um dos ícones de entretenimento masculino em São Paulo.
Um dos endereços mais famosos da noite paulistana, na Rua Nestor Pestana, a boate Kilt foi inaugurada em 1971 A história da boate começou quando a empresária quis abrir um bar para o happy hour de empresários e executivos na região central de São Paulo, em uma época que esta região da cidade ainda tinha muitos hotéis de alto padrão, funcionando a todo vapor.
A casa desde o princípio foi um exemplo de sucesso na noite paulistana. A localização privilegiada à época fazia com que a boate estivesse sempre cheia e bem frequentada não só por empresários, mas também por celebridades brasileiras e internacionais, pilotos de Fórmula 1 e até políticos.
A arquitetura da Kilt não surgiu por acaso e não foi desde o início como era conhecida até seus últimos dias. A proprietária da casa, tornou-se a maior vendedora de uísque da marca Black & White no Brasil. Isso rendeu um convite da empresa para conhecer a sede da destilaria na Escócia. Visitando o país, a empresária encantou-se com o castelo da Rainha Mary Stuart e foi assim que obteve inspiração para deixar o imóvel da boate com o ar de castelo europeu,

Boate Kilt antes da demolição – visinha do Teatro Cultura Artística

E a inspiração não ficou somente no lado externo da boate. O interior da casa foi também inspirado em algo daquele país, mais precisamente na tradicional vestimenta escocesa que não por acaso é também o nome da boate, o Kilt. O traje é um saiote masculino comum naquele país, e também serve como uma fácil identificação do folclore da Escócia mundo afora.

Apostando em uma arquitetura única na cidade de São Paulo e aliando bom gosto a um bem executado projeto comercial, a casa logo se tornou a maior referência da cidade para entretenimento masculino,
No primeiro final de semana de setembro de 2012 a boate que já havia sido desapropriada e desativada alguns dias antes, foi demolida completamente em prol de uma rotatória que irá integrar a Praça Roosevelt com o Teatro Cultura Artística.

A demolição da Boate Kilt
A demolição da Kilt não foi apenas a retirada de um prédio que “atrapalhava” a melhoria da região. Foi a destruição de um lugar que, embora nem todos os paulistanos gostassem, era um símbolo de São Paulo. Símbolo este que a partir de hoje fica apenas nas fotografias e nas lembranças de clientes, fãs e funcionários.
A casa reabriu na mesma rua comum visual moderno.



A  nova Boate Kilt na mesma rua.


Comentários

Beth/Lilás disse…
OLá Neusa!
Que belo post você nos apresenta a conhecer, principalmente nós cariocas que não estamos sabendo ao certo o que acontece pela imensa Sampa.
Que beleza era este museu que nos fala, como vocês devem ter aaproveitado bem esta década de 70 cheia de novidades.
Obrigada por nos fazer conhecer toda esta história e vamos torcer para que o museu seja restaurado e esta bela fachada do mestre Di Cavalcanti possa ser novamente admirada.
Desconhecia também a história da boate Kilt, muito interessante.
um grande abraço carioca


Célia disse…
Neuza!
Uma senhora aula de cultura!
Obrigada!
Abraços.

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