"MEU" OUTUBRO DE 2016
Hesitei muito em publicar este texto porque é muito pessoal. Mas, como sempre afirmei, desde 2008 quando comecei a postar meus textos, meu blog é uma colcha de retalhos. Escrevo sobre coisas pessoais, sobre histórias de minha cidade, resgate de minhas memórias, meus pensamentos, minhas considerações sobre fatos, meus comentário vários. Assim resolvi que a publicaão deste texto estava dentro do que me propunha e é um jeito de participar minha vida com meus leitores. E aqui vai o texto
“MEU”OUTUBRO DE 2016 – UM
MÊS DE MUITAS NOVIDADES
Este
outubro foi realmente “recheado” de coisas diferentes em minha vida. Além, das
minhas rotinas pessoais que incluem ler jornal junto com o café da manhã, fazera
minha própria fisioterapia especifica, dar uma geral na casa (louça, roupa,
chão, comida…) os compromissos
de trabalho com os Encontros semanais no HU, frequentar os Encontros Culturais
do Terron, ir ao CIEE nas quintas para palestras sobre a História de São Paulo,
compromissos sociais necessários e prazerosos (almoço comemorativo dos 10 anos
de Encontros Culturais, pizzada tradicional), que me tomam tempo de pesquisa e
estudo, com contrapontos de tricô e leituras atuais, ainda novos acontecimentos fizeram parte de minha
vida.
Começou
até um pouco antes de outubro, quando já em agosto recebi um convite de
participação de um evento sobre documentos da USP, no Arquivo do Estado de São
Paulo. E, o convite incluiu a minha atuação como mediadora nesse evento. Eu nunca exerci esse papel, nem tinha muita
ideia de como seria. Então, durante cerca de um mês estudei muito, pesquisei
sobre os participantes na fala dos quais eu devia intervir com complementações
ou mais dados que eles por modéstia não tinham exposto. Fiz o que não me foi pedido e montei uns mini
pôsteres de alguns dos primeiros professores que foram contratados e que foram
meus professores. O arquivo os exibiu em uma vitrine que ficou no saguão à
vista de todos.
Mas,
tudo para mim era novidade, desconhecido e dependia da minha improvisação. Parece
que deu certo, tenho tudo relatado para meu acervo e os comentários foram
positivos
De
qualquer forma, exercer uma ação nova aos 86 anos dá um certo orgulho, aumenta
a autoestima e me dá mais uma ‘profissão” – mediadora em eventos. Sou capaz de
assumir.
E
em 11 de outubro estive na rádio CBN para uma entrevista gravada sobre idosos
de modo geral, quando pude expor minhas ideias atuais, fruto de muita
experiência e principalmente vivência.
Acho que ainda nem foi para o ar e não sei como me saí. Mas, de qualquer
forma foi uma atividade fora da rotina, de responsabilidade porque muita gente
ouve e as mensagens precisam ser consistentes em firmeza e conteúdo.
No
dia 22, encontrei o pessoal do Páteo do
Colégio, aqueles colecionadores de discos antigos (alguns tem quase 3 mil discos
entre 78rpm e long plays) que se reúnem naquele espaço há 40 anos. Todos
velhinhos, mas alegres com o reencontro. Milton, o mais jovem deles junto com
o Paulo Yabuti, o mais velho e ativo do
grupo, montaram o que se chamou ‘PASSATEMPO MUSICAL” uma espécie de programa de
calouros com perguntas e sons programados para serem respondidos em todos os
detalhes. Respostas certas valiam pontos que são somando para uma
classificação. E até o quinto colocado há prêmios em livros, vinhos, discos
antigos. Durou das 15h até 20h, quando cada um retomou sua vida. Reunião
diferente. Foi muito bonito ver os “velhinhos” vibrarem quando respondiam
certo, recebiam pontos e aplauso de todos.
No
dia 23, um domingo passei a tarde e até mais de 21h trabalhando em material dos
Encontros. Trabalho extra que eu inventei. Como perderei 3 encontros por conta
de feriados que caem na quarta feira, tive que fazer arranjos e o Tema
Fotografia ficou sozinho. Como o achei pequeno para 15 dias de folga das
participantes (por conta do feriado do dia 2 de novembro), juntei a ele um tema
que inclui neste semestre: Atividades
Culturais – Artes Visuais, Música e Literatura. Como não tinha ainda
montado textos de apoio para esse tema, tive que montá-los com pressa para
mandar para Ana Lucia (o meu contato com o HU) imprimir para a distribuição ser
no dia 26 e assim as meninas terem trabalho nos 15 dias seguintes. Não contava com mais esse trabalho “trabalhoso”
porque edição de grandes materiais não é fácil.
No
dia 27, dia do Grupo de Leitura da Academia Paulista de Letras compareci com
minha amiga Jolanda embora o evento
ocorra no centro da cidade (largo do Arouche) e às 19h, não de tão fácil
acesso. Mas, o livro a ser comentado era A Metamorfose de Franz Kafka, leitura
obrigatória e comentado e explicado “n” vezes por escritores e críticos. Todos
concordam que é uma metáfora, dão explicações sociológicas, psicológicas,
psicanalíticas, e mutatis mutantis,
as palestras são bem parecidas. Não há grandes divergências e o que mais há são
detalhes e explicações pessoais.
E
aí eu entro muito enxerida.
Nas
minhas várias leituras em edições diferentes, nunca pude deixar de lê-lo
dominada pela minha formação biológica. Assim quando Gregor Samsa acorda como
um “inseto monstruoso”, esse inseto sempre foi uma “barata” e conhecendo a
morfologia desse inseto é muito mais completa a minha compreensão do que ele
sentia nessa situação. Consegui listar 36 parágrafos do livro em que a condição
de “barata” é provada. E até levei umas imagens explicativas.
Nem
sei como tive coragem de intervir e expor meu ponto de vista em uma comunidade
de acadêmicos, todos literatos e com cultura saindo pelo ladrão. Mas aprendi a
expor minhas opiniões, tenho segurança e perdi (acho que até demais) a minha
antiga timidez.
Não
sei se gostaram muito, mas o produtor cultural pediu o texto para mandar a
todos. Gostaria de ser uma mosquinha
para ouvir os comentários de cada um. O quanto devem ter me gozado. Não
importa. Participei. Compartilhei o que sabia sobre insetos, testei a minha
cognição e capacidade de expressão e atuei em outro ambiente que não o meu, o
que foi mais uma coisa nova na minha vida.
E
no dia 29, outra coisa completamente diferente na minha vida. Com preparo no
dia 28 em que durante duas horas provei roupas para escolha adequada, no sábado
comecei o dia saindo daqui as 7h. Sempre alguém vem me buscar e depois me
trazer. Não sei se é o critério ou fazem isso porque sou uma “velhinha” e
preciso de mais cuidados.
Estava
então por conta da produção da O2 –Cinema para gravação de imagens. Para uma
vinheta? Para um pedaço de alguma coisa televisiva com certeza. Com um estacionamento
fechado na rua Libero Badaró toda a equipe a postos e trabalhando. Umas 50
pessoas, equipamentos mil, material diversificado, camareira, maquiadora...
Café
da manhã farto, servido para todos.
Roupas
trocadas e saída dos participantes para o ponto entre final (ou começo) do Viaduto
do Chá, rua Libero Badaró onde ela limita com a Praça do Patriarca e todo o
espaço em frente à Prefeitura. Equipamento montado e acessado pelos técnicos,
direção de Quico Meireles e assistentes, eu estava lá no meio e só então me foi
dito qual era meu papel. Eu atuaria como uma senhora idosa que está nesse
ponto, testemunha a colisão de um carro em um poste, se assusta…Cena do carro
no poste já tinha sido filmada e o barulho da batida é gravada em separado.
Em
outras tomadas eu devo atravessar a rua. Espero o sinal abrir, com cuidado
olhando para os lados, e um cavalheiro me oferece o braço como ajuda. E vamos
atravessando seguindo as marcações no chão. Cenas intermediarias que serão
mescladas, o cavalheiro me abandona no meio da rua e eu me apavoro. Não sei se fiz
bem a cara de idosa apavorada.
Repetimos
como sempre, mais de uma dezena de vezes a mesma cena. Ainda bem que o
cavalheiro em questão era nada menos do que o super ator global TONY RAMOS.
Paciente, me dava as dicas com grande classe. Nos intervalos conversamos bem.
Imagine
um sábado pelas 11h, meio dia, os transeuntes passando em grande número, transito
sendo parado no momento certo da gravação, fãs agitadas por passar pelo seu
galã de telenovela…Fitas amarelas e pretas, características, tem que delimitar
o espaço.
Só
quem participa avalia o trabalho perfeito de equipe para um tempo limitado
depois da edição.
E
essa brincadeira foi até depois das 13h quando enfrentamos um transito
paulistano mesmo para voltar ao estacionamento. Eu e Tony trocamos muitas
conversas interessantes sobre as vidas de cada um de nós. Assunto sempre há.
14h
o almoço nos espera. Cada um que vai chegando vai se servindo de uma mesa farta
e é um momento de comentários sobre as atividades.
Minha
parte foi encerrada, troquei a roupa da cena pelas minhas e fui trazida para
casa às 15 horas
Acho
que fui um pouco mais do que figurante, mas o cachê desta vez foi pequeno.
Sempre ajuda
Não
importa. Me diverti, fiz coisas completamente diferentes do que estou
acostumada, conheci muita gente em ambiente de trabalho especifico e muito
qualificado e sempre aprendo coisas. Estive em uma parte de São Paulo que
conheço bem, sei de suas histórias e reforcei-as ao conta-las.
O
resto do sábado e o domingo foi de assimilação de tanta atividade e trabalhando
a cabeça para compor este texto.
E
ainda no dia 1 de novembro, um presente gentil do Eduardo Barros, um vídeo de
divulgação do meu trabalho, gravado, editado e lançado por ele foi para o ar
pelo o YouTube.
Este
foi o final de setembro e o começo de novembro de minha vida. E o mês de
outubro inteiro. Com sete acontecimentos
diferentes da minha rotina.
Às
vezes tenho medo que o “motor” funda.
Este
texto é uma prestação de contas para mim mesma, uma maneira de me saber ainda íntegra
e com bom pique, até mais do que tinha antes da cirurgia. Parece que
subconscientemente estou resgatando o tempo meio ocioso da época. Estou ansiosa por saber e principalmente
compartilhar. Tudo que sei de bom passo para a frente. Atropelo os outros e me
atropelo. Estou assim, porque estou saudável e estou saudável porque estou
ativa. É um círculo vicioso e o segredo da minha qualidade de vida.
Comentários
Abraços,
Célia.