MEU FIM DE SEMANA (registro do que foi importante)
Depois
de uma semana intensa e estressante em trabalho – escrevendo a História de
Rosália – e em reinvenção e reestruturação pessoal para enfrentar mudanças no
cotidiano, tudo foi compensado pelo final dessa semana de música em dose tripla
que consegue colocar tudo no lugar, assentar todos os desníveis e gerar energias para seguir em frente.
No
sábado 21, no Theatro Municipal com Rosa a amiga chilena, a doce Fanny e a atenção
constante de Meire, que faz tudo para o melhor atendimento dos “chegantes” nos
dias de espetáculo, uma grande surpresa: PIEDADE
- uma ópera-concerto brasileira, cantada em português, com vozes nossas, compositor e libretista também
brasileiro.
Confesso;
nunca tinha ouvido falar e transito muito nesse universo. Porque foi lançada em 2012 no Rio de Janeiro.
Divulgação falha ou descuido meu.
Mas
chegou a nós paulistas agora em apenas duas apresentações sem muita divulgação.
PIEDADE - de João
Guilherme Ripper responsável
pelo libreto e música onde chegou pela poesia. Abordou com o enredo verista a tragédia
de Euclides da Cunha no trágico triangulo amoroso de sua vida, em quatro cenas: 1 - Euclides voltando para casa e sua mulher Ana
fragilizada pela ausência; 2 - Encontro de Ana com Dilermando, o militar mais
moço e início da história de amor – 3 – Confronto de Euclides e Dilermando
cheio de tensão; 4 - desfecho trágico
com a morte de Euclides.
Música equilibrada entre recitativos e árias,
orquestração segue adequada com intervalos substituídos por um poético solo de violão de Edelton Gloeden.
Regência
de Luis Fernando Malheiro
emocionada, emocionou os músicos e os solistas Laura Pisani (Ana), Homero Velho (Euclides),Eric Herrero (Dilermando) que com vozes maravilhosas as complementaram com a dramaticidade das expressões faciais.
Theatro
Municipal cheíssimo, aplausos retumbantes mais do que merecidos.
Um
único senão: em um programa distribuído com apresentação estética das melhores,
faltou uma informação maior sobre Euclides da Cunha. Nem todo mundo que frequenta o Teatro lê de
tudo e nem todos conhecem Os Sertões,
obra que imortalizou
Euclides da Cunha; nem todo mundo sabe que até o escritor peruano Mario Vargas Llosa se sensibilizou com essa obra, escrevendo a
sua versão romantizada mas autentica nos
fatos, como nome A Guerra do Fim do Mundo ; nem todo mundo conhece a
biográfica de Euclides da Cunha repleta de conquistas profissionais , e encerrada com uma tragédia.
O
conhecimento disso tudo torna mais envolvente todo o espetáculo com um
aproveitamento emocional mais profundo. E seria apenas um pouco mais de espaço no
programa.
Fechando
a semana, o que perdi em espetáculo real estou recuperando nos Clássicos da TVCultura
com a gravação perfeita de O CAVALEIRO
DA ROSA apresentada ato a ato em três sábados consecutivos: 14, 21 e 28 de
agosto, às 22:00h
E no
domingo, ainda no Theatro Municipal um programa diferente: com a Orquestra Experimental de
Repertório um conjunto apenas de sopros
(flautas, oboés, clarinetes e fagotes) com obras de Gabrielli e Alexandre
Travassos. Para a Serenata de Brahms, conjunto enriquecido com cordas (violas,
violoncelos e contrabaixos). e de novo a companhia de Fanny e sua tia completou meu espaço e tempo.
Programa
mais tranquilo como encerramento de semana e preparo para a próxima.
Estou
pronta para a última semana de férias profissionais e preparo para novos
desafios, perfeitamente abastecida de cultura também, com boa literatura - Sagarana
de Guimarães Rosa e o Mundo Como Eu Vejo de Leando Karnal. Faltou um pouco de Arte
Visual.
Estou dentro de meus limites. Não
há tempo para tudo.
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