UM LIVRO - A BAILARINA DA MORTE

Minha compulsão por leitura continua e está mais sentida nestes tempos de Pandemia e de Isolamento Social. Com o fantasma da Covi-19 rondando, minhas leituras foram mais centradas em assuntos mais focados. A minha formação biológica me leva a revistas especificas como PESQUISA da FAPESP e títulos como PANDEMIAS, -A HUMANIDADE EM RISCO e.... mas nenhum chegava até a nossa época e à nossa realidade.

Quem eu acompanhei sempre foi Yuval Noah Harari, mas sua visão é abrangente em termos globais, até o ultimo NOTAS SOBRE A PANDEMIA -artigos e entrevistas.

Mas eu precisava de algo mais completo não acadêmico demais, mas o suficiente para satisfazer minha formação e minha necessidade.

Recebo muitas mensagens no meu e-mail e no dia 14 anotei na minha agenda: da Companhia das Letras – Live de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling sobre o lançamento do livro A BAILARINA DA MORTE -a gripe espanhola no Brasil.

Acompanhei cada palavra na Live e entendi que era tudo o que eu precisava e queria. Terminada a Live comprei o livro no mesmo dia.

Ansiosa como sou esperei muito pelo livro, mas, não foi tão difícil porque nos meus 220 dias de isolamento já uma rotina de ocupações domésticas e profissionais me tomavam o dia.

Consigo entender melhor pela minha formação biológica como  a pandemia caminha, respeito estatísticas e comentários confiáveis  e preciso estar sempre abastecida de atualidades para poder dar conta da minha atividade profissional (continuo com meus Encontros para RESGATE DE MEMÓRIA AUTOBIOGRAFICA  pela USP 60+ agora  virtual, em uma mudança radical, “no susto”)  e minha atividade doméstica porque estou sozinha em casa.

E o livro chegou no dia 22 de outubro. Dei uma primeira folhada, dividi os capítulos com post its coloridos como é o meu hábito e organiza melhor minha leitura.  Reservo um tempo diário para leitura e às vezes precisava parar por outras ocupações, mas consegui ler o livro todo em 9 dias roubando tempo de uns e outros compromissos.

E agora posso falar sobre ele.

Livro muito especial de duas acadêmicas que sabem usar uma linguagem accessível fruto, de pesquisas certas em quantidades certas. O embasamento acadêmico e as pesquisas corretas são sempre um apoio confiável para as considerações pessoais de duas historiadoras

Em um primeiro momento um texto denso e completo da época desde a Primeira Guerra Mundial, de 1914 até 1919 -20 quando a Gripe Espanhola foi embora sem que ninguém soubesse o que a causava porque os conhecimentos científicos  eram “poucos”. Deixou um rastro de dor, desespero e morte.

A divisão dos capítulos do livro é genial – como ela chegou, de onde veio e quais os danos causados em cada uma das regiões brasileiras com características diferentes, danos parecidos, mas comportamento diferente das pessoas.

Em cada capitulo uma visão do clima, da geografia, da história, da sociedade e da política. de cada região. Danos parecidos, mas com características próprias.

Situações aterrorizantes, procurando soluções populares das mais diversas e o enfrentamento da morte também com sentidos diferentes.

Claro que parei e li e reli o capítulo de São Paulo, porque é meu lugar de vivencia como paulistana. Não vivi na época da “espanhola” porque nasci em 1930, mas sempre ouvi parentes próximos comentarem sobre ela.

E a cada página uma semelhança com a época atual.

Não sabia nada sobre Rodrigues Alves e acabei sabendo tudo sobre ele.

 Meu caminho de conhecimento foi outro, mas agora estou preenchendo os “buracos” deixados ao longo de minha vida.

Essas conclusões e comparações são antológicas. A análise das semelhanças entre as duas épocas foi completa em cada detalhes.

Meu comentário é simplista, mas pessoal e autentico. E me pergunto: por que levei tanto tempo para descobrir essas escritoras? 

Prazer em conhece-las.

                            NEUZA GUERREIRO DE CARVALHO (VOVONEUZA 

                                                                                    28 DE OUTUBRO 2020

 

 

    


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

QUARESMEIRA OU MANACÁ DA SERRA?

SETE ANOS

EU E A USP