O EDIFÍCIO MARTINELLI
É oportuno escrever sobre o edifício Martinelli porque nesta segunda feira, 26 de julho de 2010 ele vai ser aberto à visitação depois de mais uma reforma. Então, repetindo uma antiga postagem aqui vai um texto sobre ele.
Martinelli por volta de 1937-38
Foto de Rodrigo Capote/Folhapress - casa do Comendador Martinelli, tendo ao fundo o Edificio Altino Arantes - Banespa
Ainda na década de 20, mais precisamente em 1925, começou a ser erguido o pai dos arranha-céus paulistanos, o Edifício Martinelli. Este prédio tem toda uma história.
Marco arquitetônico foi destaque naquele momento, inovador, e apontou o futuro da edificação da cidade. Com uma altura de 130 (ou 105) metros, seus 30 andares mudaram a paisagem, a evolução urbana da cidade. Tinha o sentido vertical e a estrutura em concreto armado.
Ocupa meio quarteirão da rua de São Bento, meio quarteirão da rua Líbero Badaró e toda a ladeira São João.
Em pleno funcionamento em 1929, o Prédio Martinelli era um sucesso. Na rua de São Bento, o famoso Cine Rosário, barbearias, lojas e o luxuoso hotel São Bento na Líbero Badaró, com 60 apartamentos de primeira linha que possuíam banheiros privativos e telefones automáticos; havia também uma escola de dança e residências.
Na metade do século XX, o abandono e a ocupação desordenada mudaram o aspecto e o cotidiano do Prédio. Por descaso das autoridades, falta de planejamento e de política habitacional, o Prédio Martinelli transformou-se num imenso cortiço, onde se improvisaram vários cômodos que abrigavam um enorme numero de famílias.Em 1975, após , protestos da imprensa e de setores profissionais, a Prefeitura inicia a obra de reforma.
A história do edifício começa com o comendador Martinelli imigrando para o Brasil em 1888
Giuseppe Martinelli não veio, como a maioria, para trabalhar na lavoura e sim na cidade. Ele chegou pelo vapor Santa Maria, tendo desembarcado no Rio de Janeiro, no dia 17 de Janeiro de 1889. Escolheu o comércio, ramo que oferecia maiores perspectivas de ganhar dinheiro para um recém-chegado a terras estrangeiras.
Em 1906, Martinelli e sócios já tinham uma casa bancária em Santos e em São Paulo e começaram a ser procurado para representar firmas exportadoras italianas. Durante a I Guerra em 1915, formaram uma frota própria de navios, para tentar suprir a falta de transporte acarretada pela guerra.
Assim, em pouco mais de 30 anos, Martinelli fez fortuna.
A popularidade de Giuseppe Martinelli, no entanto, veio-lhe, sobretudo da atuação que teve na capital paulista ao construir o prédio que seria o primeiro arranha-céu da cidade e da América do Sul.
O local escolhido por Giuseppe Martinelli para edificar sua torre foi o coração da metrópole do café, uma das zonas mais movimentadas e elegantes do centro. Na praça Antonio Prado havia o Palacete João Briccola, as sedes dos jornais Correio Paulistano e A Notícia e conhecidas confeitarias de luxo, como a Castelões e a Brasserie Paulista, com bancos e o comércio elegante na Rua XV de Novembro. Nas proximidades, o serviço dos Correios e Telégrafos.
Sua construção demorou oito anos.
Não tendo apoio governamental para terminar a obra, Martinelli foi obrigado a vender ao "Instituto Nacional de Crédito per il Lavoro Italiano a L'Estero", uma parte de seu empreendimento. O edifico só foi inaugurado em 1929 e foi uma declaração de amor do imigrante italiano à cidade onde fizera fortuna.
O prédio Martinelli foi projetado para ter 17 andares. Mas, o Comendador resolveu subir a construção até o 24º andar. A Prefeitura embargou a obra, mas ele não ligou e prosseguiu na construção. Diante da insistência do idealizador a administração municipal convocou uma equipe para testar a viabilidade dos sete andares adicionais. Foram feitas sugestões quanto aos materiais mais leves.
Mesmo chegando ao final dos 24 andares, ainda havia desconfiança quanto à solidez do prédio. Para provar que se tratava de uma edificação robusta, o comendador determinou a construção de sua própria casa no topo – uma mansão equivalente a mais seis andares. Foi nessa “cobertura” do Martinelli, que a alta sociedade paulistana viveu alguns de seus momentos mais glamourosos nas décadas de 20 e 30.
Com 30 andares e 105 (ou 130) metros de altura, o Martinelli finalmente ficou pronto em 1929. Só perdeu sua posição de prédio mais alto da cidade 10 anos depois com o edifício sede do Banespa, com 36 andares.
A parte externa do Martinelli é toda de pedras rosadas trazidas da Itália. No interior, mármores de Carrara cobrem os pisos e os 1057 degraus. As ferragens são inglesas, as portas de pinho-de-riga; tem 2330 janelas e 1880 salas e apartamentos.
Sugestão de leitura – O Ultimo Mamífero do Martinelli – Marcos Rey
Foto muito especial de Rodrigo Capote/Folhapress dá ênfase ao palacete de Giuseppe Martinelli dono do prédio e situa o espaço com a banespa ao fundo.
Comentários
Paz...
Muito bom o Blog
já estou seguindo
parabéns!!!!
JB
www.jotabepontodevista.blogspot.com
Maravilhoso... e que vista deve ter!
Parabens pelo post.
Abraço!