LEITURA NAS ALTURAS – UM PROJETO MUITO ESPECIAL QUE NÃO TEVE CONTINUIDADE
Ao lançar em 2005 o Projeto
“Leitura nas Alturas” o SESC Carmo pretendeu promover a leitura de livros
indicados para a FUVEST com a complementação de palestras com especialistas. O
projeto se desenvolveu nos alôs do prédio Martinelli, mais precisamente no seu
terraço. O objetivo maior era despertar
o interesse pela literatura de uma forma lúdica, menos impositiva.
Paralelamente, conhecer o espaço
onde se desenvolve o projeto – o edifício Martinelli - também é cultura.
Com a possibilidade de andar por
esses terraços, a minha imaginação voou
com a visão do protagonista da
história de Marcos Rey, um ativista político da época da ditadura que se
esconde dentro do edifício vazio e que
sobe a pé os 26 andares para tomar, nu em pelo, seus banhos nas chuvas mais
fortes.
Antes do inicio do encontro de leitura, andei pelos terraços. São amplo, muito largo entre as construções e o parapeito e deve ter sido palco de muitos amores, muitos dramas. Gente bonita, rica, culta, convivendo sobre uma cidade em efervescência, só podia ser protagonista de histórias e histórias.
Olhar desse terraço dá uma ideia
de um pedacinho da cidade que vale a pena ver e resgatar porque estaremos
recontando a história de São Paulo.
Embora perdendo a posição de mais alto, o Martinelli continua imponente por ocupar um espaço em pleno planalto. De seus terraços se vê parte do centro e os limites geográficos da cidade: a Serra da Mantiqueira e o Pico do Jaraguá.
Ao seu lado, o novo prédio do Santander (antes Banespa) todo preto e redondo, numa arquitetura moderna e já com seu heliporto indispensável. Um heliporto privativo “adornado” por cavaletes para indicar que só podem pousar helicópteros autorizados.
Também ao seu lado os outros edifícios que compõe a “paisagem” dos três gigantes centrais de São Paulo: Martinelli, Banco do Brasil e Altino Arantes (Banespa como é conhecido ainda)
Ainda do terraço, uma rua comprida e estreita chama a atenção – a rua de São Bento mostrando bem o seu traçado antigo, dos primeiros tempos da cidade, quando ligava o Mosteiro de São Bento ao Largo de São Francisco , sua Igreja e os franciscanos.
Visão também da igreja de Santo
Antonio na Praça do Patriarca.
Que mais? A Bolsa do Café e seu Largo, uma parte da Secretaria da Fazenda na Av. Rangel Pestana, o parque Dom Pedro II com seus viadutos e cruzamentos substituindo uma Várzea do Carmo anterior.
Mais ao longe o Edifício São Vito
, uma favela vertical.
A cúpula da Catedral e o Palácio
da Justiça podem ser identificados. Um
pedaço moderno de São Paulo: Edifício do Metrô e um testemunho dos primeiro
anos da cidade, o Mosteiro de São Bento.
Com boa visão está o Edifício
Mirante do Vale, o mais alto da cidade que nem é conhecido porque erguido em um
espaço mais baixo foi engolido pelos que estão em situação mais elevada.
Belíssima visão do Vale do
Anhangabaú, no momento em que ele cruza a Avenida São João e que em sua última
urbanização prestigiou pedestres, com calçadão, fontes, água jorrando para refrescar a aridez de uma cidade em constante
vai e vem de trabalho.
Visão da comprida Avenida São
João até onde a vista alcança, em direção ao oeste da cidade.
Ao longe, em um cantinho o
Mercado Municipal, a torre da Estação Julio Prestes.
Uma pausa para digerir e assimilar essa over-dose de história da cidade – vamos para a `”LEITURA NAS ALTURAS”, a aventura de LER NAS ALTURAS..
Primeiro encontro foi no dia 6 de outubro de 2005, das
14h às 19h. Não há hora para se chegar e pode-se sair quando quiser. O ideal
foi ficar do principio ao fim. O primeiro livro escolhido foi A Hora da Estrela de Clarice de Lispector.Os seguintes serão Macunaíma de Mario de Andrade; Sagarana de Guimarães Rosa; Memórias de um Sargento de Milícias de
Manuel Antonio de Almeida e Memórias
Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis.
Com uma palestra inicial com um
especialista sobre a obra do dia, um grupo de teatro lê partes (ou o livro
inteiro) podendo ter a participação dos ouvintes. Ddurante cinco horas o prazer
da leitura e a cultura aumentando.
Um projeto pra lá de bom, motiva,
incentiva conhecimentos, contribui para a cultura,mas que só ficou nesse primeiro e único.
Porque o SESC não o retoma?
Paralelamente leia o livro
O ÚLTIMO MAMÍFERO DO MARTINELLI de Marcos ReyNa sequencia leia o texto sobre o Martinelli
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