VOLTANDO A FALAR DE MÚSICA

 

VOLTANDO A FALAR DE MÚSICA

Já devo ter comentado que neste isolamento que já atinge 425 dias, uma das coisas que eu sinto mais falta é nos domingos de manhã atravessar a rua, tomar um ônibus, descer na Praça Ramos de Azevedo e ir ao Theatro Municipal. Encontrava Rosa a amiga chilena e se a lojinha Joana (chinesa) estivesse aberta sempre comprávamos mimos para nossas amigas Meire e Vilma que nos recebiam com o maior carinho no Saguão do Municipal. E sempre um concerto com Orquestra Sinfônica ou a Experimental de Repertório, ou a Orquestra de Heliópolis ou......, mas sempre um programa orquestral.

Nos  primeiros tempos de isolamento sempre fugia de programas musicais na TV. Não me detinha nos programas de música orquestral.  Não me satisfazia uma tela pequena e um som “mixuruca” perto do som ao vivo. Aos poucos, na impossibilidade de voltar aos meus programas dominicais e na falta dessa música erudita ao vivo, fui me adaptando e percebi uma grande vantagem: se a gravação é bem feita, a câmera circula por todos os instrumentos da orquestra e dá a oportunidade de se conferir  cada instrumento da orquestra  e  fixar melhor  os diferentes sons. E passei a me “conformar” com ouvir música dessa maneira. 

E aos poucos vou voltando. Fico um bom tempo do dia na cozinha: cozinho, lavo montanhas de louças e tudo que uma cozinha gera. Então com um espacinho na cabeça “descobri/’ um espaço ocioso onde há mais de 20 anos tinha um freezer. Tempos de inflação galopante (acho que foi década de 90) onde se faziam compras de mês e lotava-se os freezers pela diferença de preço que as coisas tinham em um mês. Esse tempo passou, não me lembro para onde o freezer foi, mas o espaço ficou. Flavio, com sua porção polvo achou como ocupar. Mas, ultimamente ocioso. Inventei uma mesinha com um apoio para malas que encontrei em algum lugar, um compensado na medida certa e uma cobertura de tecido plástico. E certinho o lugar para um velho radião com toca fita e tudo. Uso só o rádio que está já fixo na Cultura FM. E quando estou pela copa e cozinha tenho música me acompanhando. E a Cultura FM é a rádio adequada  para boa música (e até notícias)

E “descobri” que a NET tem um canal de MÚSICA onde vc escolhe “instrumental” e” clássica”. Seleção de muito bom gosto, variada, para todos os gostos nesse tipo de música. E quando o acesso, não tenho nenhuma vontade de voltar aos canais convencionais, mesmo com a obrigação de estar sempre atualizada com o que acontece no mundo.

Às vezes tenho sorte e sou presentada com algo especial como nesta   quarta feira (ou foi quinta?)  deste mês de maio de 2021.

Tenho um horário de almoço, das 12 às 14h e para ter companhia neste tempo de isolamento ainda, almoço na frente da TV. Mas hoje tive um presente inesperado: Peguei no começo, as 12:30 no canal 648 (film&Arts) um concerto comemorativo dos 100 anos da Filarmônica de Los Angeles apresentando três maestros incríveis: Zubin  Metha (israelense) Esa Pekka Salonen  (finlandês) e Gustavo Dudamel (venezuelano) com um final com os três regendo a mesma orquestra (nunca vi isso) .

 Zubin  Metha é velho conhecido que vi seus cabelos embranquecerem com os meus -  regeu La Valse de Ravel;  Salonen  maestro  que não conhecia, mas foi engraçado ver  o maestro com uma barba loira; e Gustavo Dudamel  que eu conheço desde mocinho  (agora tem 40 anos) parecendo São João Batista com os cabelos encaracolados agora já grisalhos, regendo Stravinsky  em O Pássaro de Fogo.

 Foi uma hora e meia de puro deleite inesperado.  Valeu o meu dia. Só preciso ver quando repetem para ver tudo de novo Prazer em dobro é mais prazer.

Complementação. Para quem não conhece,

ZUBIN METHA(Bombaim26 de abril de1936 - Zubin Mehta nasceu numa família aristocrática pársi indiana na cidade de Bombaim (atual Mumbai), filho de Mehli e Tehmina Mehta. Seu pai, Mehli Mehta, foi violinista e fundador da Orquestra Sinfônica de Bombaim.

Em 1969, a Orquestra Filarmônica de Israel o indicou para o cargo de conselheiro musical. Oito anos depois, Mehta assumiu a direção da filarmônica, cargo que se tornaria vitalício em 1981.

O maestro realizou uma turnê no seu país de origem, Índia, passando pela sua cidade natal, Mumbai (antiga Bombaim), com a Filarmônica de Nova Iorque em 1984, e dez anos depois com a Filarmônica de Israel, juntamente com os solistas Itzhak Perlman e Gil Shaham.

Nos anos de 1997 e 1998, Mehta trabalhou em colaboração com o diretor de cinema chinês Zhang Yimou na produção da ópera Turandot, de Giacomo Puccini, a qual foi representada nas cidades de Florença e de Pequim, com um performance na Cidade Proibida que envolveu mais de 300 figurantes e 300 soldados em oito representações de proporções históricas.

ESA-PEKKA SALONEN (30 de junho1958 — ) é um compositor e maestro finlandês. É o Maestro Principal da Philharmonia Orchestra[1] de Londres e Maestro Convidado da Los Angeles Philharmonic. Atual maestro da Orquestra do Metropolian Theater em NY.

Salonen, nasceu em HelsínquiaFinlândia, estudou trompa e composição na Academia Sibelius

 

GUSTAVO DUDAMEL GUSTAVO DUDAMEL nasceu em Barquisimeto26 de janeiro de 1981, filho de um trombonista e de uma professora de canto.[2] Em uma cidade que respira música, estudou desde novo ao se envolver com El Sistema,[3] o renomado programa de educação musical venezuelano. Assim, aos dez começou com o violino e composição..

Começou a estudar regência em 1995 Em 1999 ele foi apontado como diretor musical da Orquestra Sinfónica Simón Bolívar, a orquestra nacional de jovens da Venezuela, realizando turnê por diversos países. 

Dudamel debutou com diversas orquestras em 2005, incluindo Orquestra FilarmoniaOrquestra Filarmônica de Israel e Orquestra Filarmônica de Los Angeles, , Em abril de 2007, durante participação na Orquestra Sinfônica de Chicago, Dudamel foi nomeado diretor musical da filarmónica de Los Angeles para a temporada 2009-2010,. Assumiu Gotemburgo posteriormente em 2007,[2] e seu contrato é válido até 2012.

 

E enquanto montava este texto ainda mais música me chegou pelas mãos de Lívia Mund (a amiga que pinta, canta, borda, é muito linda na sua maturidade) e ainda tem tempo para ser uma amiga completa. Pedi a ela, porque sabia que era a pessoa certa, para fazer o que eu estava querendo, coisa pessoal, importante para mim.

Explico: em 2008 – 2009, quando eu tinha aqui comigo o meu neto por adoção, Jarlei, (que então fazia seu doutorado na USP),  tinha um seminário para apresentar. Gostaria de ter um fundo musical adequado e me pediu uma seleção. Escolhi dentro do meu gosto, 27 músicas.  A lista ficou perdida entre minhas coisas e neste período de isolamento a encontrei. Logo pensei em Lívia (engraçada essa associação) e pedi a ela que as gravasse e passasse para um pendrive. Sabia que ela entenderia por que também circula por esse universo de música. Então, ela e o Thomas seu marido, fotógrafo também culturalmente interessado, capricharam e procuraram agora com toda a tecnologia disponível mais de uma gravação sobre cada música da lista.  E hoje (15 de maio deste 2021) Lívia trouxe em domicilio esse pedacinho condensado de música. Nunca vão imaginar a felicidade que me trouxeram.   Sempre digo que FELICIDADE é feita de momento. E este foi um deles. Ainda não ouvi, certamente o farei hoje mesmo, porque quero    reservar   tempo adequado para esse prazer.

 

Neste meu isolamento, os espaços entre as atividades profissionais e doméstica fica “recheado” por MÚSICA, ARTES VISUAIS E LITERATURA e não há preferência. Estou sempre circulando pelos três caminhos.  Já escrevi sobre LITERATURA através de minhas leituras. Agora falei de MÚSICA e certamente escreverei sobre ARTES VISUAIS  complementando o que já falei em outros textos.

 

 

 

 

 

 

 

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