UMA NOITE DE CHUVA REGADA A BOA MÚSICA


Não bastasse o dia inteiro de chuva, mas ela se estendeu pela noite adentro. Normalmente e racionalmente eu não deveria sair de casa.  Calçadas quebradas, semi escuridão onde tomo o ônibus não me amedrontaram. Encontrei no ônibus o simpático Raimundo e não me senti tão sozinha. Logo depois  a amiga Irlei me deu ainda maior segurança.

Impossível coordenar guarda chuva e bengala. Então me refresquei com os pingos em troca de maior segurança.

Uma vez dentro do metrô tudo “são flores”. Chegamos. Ainda por vencer um espaço grande para mim, ficamos a espera. Encontro com Dante Pignatari essa figura impar, agitado para cobrir tudo e todos nesse evento que tinha a sua curadoria.  O seu cumprimento pessoal foi muito gratificante.
Agora já em uma sala teatro (Sala Jardel Filho) e não mais em um espaço improvisado na Biblioteca do CCSP, o Quarteto de Leipzig iria se apresentar. Com todos os 321 lugares ocupados (mais  os sentados no chão) todos prontos e ansiosos pelo espetáculo.

Com minha mobilidade já comprometida, tive toda a atenção possível. Desci por um elevador acompanhada até por um bombeiro. E para descer os muitos e largos degraus, o braço também comprometido da Irlei. Mas cheguei a um lugar condizente também com a minha condição de deficiente auditiva.

Estava pronta para usufruir da música trazida a nós por músicos de longe, de outras culturas, mas com a linguagem universal da música. Tem nomes diferentes: Stefan, Tilman, Ivo e Matthias, aspectos físicos também diferentes entre eles.

Stefan é o primeiro violino não tem um tipo ariano. É alto, sim, mas cabelos escuros. Completamente envolvido com a música, com expressão corporal ritmada com a música. Com a condição de 1º violino tem toda a responsabilidade do concerto. Concentração antes de tocar a primeira nota.  Minha observação pessoal: quando o segundo violino assumia porção quase solo, o primeiro violino se afastava um pouco para dar maior visibilidade a ele.

Tilmann, o 2º violino, um tipo mais baixo, mais clarinho, teve uma expressão facial mais risonha. Faz sua parte importante no concerto.

Ivo com sua viola estava mais relaxado, risonho e consciente de sua importância no conjunto.  O mais”baixinho” da turma  o contraponto de Stefan.

Matthias, com o cello não moveu um músculo facial durante todo o concerto. Impassível. Engraçado no grupo com seu cabelo “de bom bril” como eu e Irlei classificamos.  Pareceu-me o mais jovem?????

Veja as fotos com uma alegria de uma profissão escolhida e vem vivida.
                           Tilman Büning    Matthias Moosdorf    Ivo Bauer   Stefan Arzberger

A primeira parte do programa, dois Quartetos de Haydn foi tocada com os músicos em pé. Não estava acostumada a essa composição. Não sou musicista, repito então só comento o que de belo e especial a música me transmite. Técnica e interpretação caminhando juntas dá um maravilhoso espetáculo.
A segunda parte, todos sentados, todos bem visíveis. Schubert, mas leve, mais interpretação do que técnica. Quarteto A Morte e a Donzela com um segundo movimento lírico.

Foram duas horas de encantamento.

Mais metrô, mais chuva e finalmente chego em casa  transbordante de música  e de satisfação. Uma noite feliz aquela que foi de 25 de junho de 2013.


Complementação do texto
O Quarteto de Leipzig vai se apresentar no dia 28 de junho no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes e no dia 28 no Centro Cultural da Penha, numa iniciativa do CCSP de estabelecer programação de música erudita na periferia da cidade.
Louvável iniciativa. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

QUARESMEIRA OU MANACÁ DA SERRA?

EU E A USP

SETE ANOS