SETE ANOS
SSETE ANOS.......Sete anos de pastor Jacó servia.... – Camões - (POENA NA PINTEGRA NO FINAL DO TEXTO)
Os SETE ANOS, como a
MADELAINE de Proust me levaram a memórias, de uma fase de minha vida, dos meus
11 aos 17 anos, de 1941 a 1947, da infância à adolescência. (não se
usava ainda a palavra)
Aos 11 anos estava terminando o curso
primário, no Ipiranga, no PRIMEIRO GRUPO ESCOLAR DO SACOMÃ, uma casa adaptada na rua Silva Bueno. Vinha do GRUPO ESCOLAR ROMÃO PUIGGARI , no
Braz, onde eu tinha cursado os dois primeiros anos .
Em
frente dessa rua de referência, Silva Bueno, havia uma grande fábrica de juta
que ocupava todo o quarteirão e às 6 horas acordava toda a redondeza com o seu
apito estridente. E as 7h todos os operários já começavam a trabalhar. Era o
lugar de trabalho de quase todas as famílias. E a minha família também esteve ligada a ela.
Na primeira fase da minha vida.
Por
volta dos meus 12 anos aconteceu para mim, a primeira coisa importante, a MENARCA (primeira menstruação) - também uma
palavra desconhecida para meu meio social. Dizia-se “ficar mocinha” Não me
lembro do susto nem ter sido alertada com antecedência.
E
todos os caracteres sexuais secundários começaram a aparecer.
Ainda menina, terminei o
curso primário em final de 1940
A fábrica de juta empregava
famílias inteiras, pais e filhos. Quando os meninos terminavam o curso primário
tinham já empregos assegurado e aí permaneciam quase até casar. (??) As meninas,
se também operárias não eram bem vistas e pais mais cuidadosos as mantinham em
casa aprendendo a costurar e sendo em geral/ “costureiras” uma profissão muito
procurada e importante na época.
Eu fui privilegiada. Tinha então 10 anos, tinha perdido uma irmã de
cinco anos e era filha única e meu pai, que tinha uma boa cabeça pode me fazer
estudar e continuar com um curso ginasial.
Uma entre muitas e até marginalizada entre a
família que tinha muitas da minha idade.
Mas, chegar a um Ginásio
e cursá-lo não era fácil. Exigia um curso de Admissão que eu comecei fazendo já
no ginásio que eu cursaria por SETE ANOS. Comecei a usar a condução da época, o
BONDE
Entre os poucos ginásios
públicos e particulares meu pai escolheu o GINÁSIO PAULISTANO na Liberdade. Uma
temeridade: mensalidade de 50 cruzeiros
para um salário de 300 cruzeiros. Um
deslocamento longo para uma menina de menos 11 anos. Teve que criar uma estratégia
para conseguir mais conforto. Ia em direção contrária à cidade com o bonde
quase vazio e voltava no mesmo bonde e lugar em direção à cidade, percurso que
devia durar bem mais de meia hora. E já fazia esse trajeto durante o curso de
Admissão
Passei
e pude ser matriculada no primeiro ano do curso ginasial do COLÉGIO PAULISTANO
na rua Taguá 150
Aqui zomeça a minha aventura dos SETE ANOS. Uma menina ainda sem completar os
11 anos começou a tomar todos os dias o bonde FÁBRICA número 20, do Ipiranga à
Liberdade. Cheíssimos. Esperta, ela já
viajava sentada e na ponta externa do
banco para poder descer mais facilmente.
Do Ipiranga à Liberdade
o bonde Fábrica 20 cobria as ruas Silva Bueno, Tabor, Avenida Dom Pedro....( de
onde saia um ramo para a Av. do Estado), rua da Independência (com o
laboratório Andrômaco e seu famoso relógio, Largo do Cambuci, rua do Lavapés e Rua da Glória onde eu descia na
esquina da rua São Joaquim. E o bonde seguia
até a Praça da Sé, onde era seu ponto final.
Atravessava a rua da
Glória, (de trânsito) e descendo essa rua cruzava , do lado esquerdo com outro
colégio particular, Anglo Latino) e à direita um cinema (?.). Continuava a
descida até a rua Galvão Bueno e em continuação passando pela sede central
da Massonaria e o Ginásio Roosevelt,
estadual. Chegava à rua Taguá onde
ficava o Ginásio Paulistano, no número 150.
O fundo desse prédio
principal comunicava com outro grande terreno na rua São Joaquim onde havia
outro prédio do mesmo colégio com um terreno de comunicação. O curso Ginasial
funcionava na rua São Joaquim e o Clássico e o Científico ,rua Taguá 150. Cursei
o curso Ginasial durante os anos de 1941
– 1942 – 1943 e 1944 e o Científico em 1945 – 1946 – 1947
Além do curso da manhã,
no final do ano de 1947 frequentei um cursinho no mesmo colégio das 17h às
19h.. Novamente com o bonde Fábrica 20 , voltava para casa, chegando por volta
das 20h.
Nese pouco intervalo de
tempo eu estudava tudo o que me tinham ensinado
no primeiro período, porque
não havia livros e tudo dependia do rascunho
da aula.
Para me alimentar, na
ida para o cursinho parava na esquina da São Joaquim com a Galvão Bueno em um
barzinho simpático e de boa lembrança ,tomava um Toddy, e quem sabe, um queijo quente .?? me
aguentando até chegar em casa. Lembro até do gosto desse lanche. - Wikipedia
De começo de 1941 até
final de 1947: foram esses os SETE ANOS,
da minha vida , com o mesmo bonde, para o mesmo trajeto., para a mesma escola. Só eu é que fui mudando e era agora uma “moça”
Foi esse o meu tributo
para poder estudar e subir o segundo degrau. ( o primeiro tinha sido o curso
primário)
Em início de 1948
prestei o temido Vestibular que eu descrevi
em outro texto do mesmo Blog
NEUZA GUERREIRO DE
CARVALHO - 2023
Neu deste Blog o temido
exame Vestibular ( já contado neste Blog.
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