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Mostrando postagens de julho, 2008

TEMPOS DE COLÉGIO CAMPOS SALLES

Casei em 26 de dezembro de 1953 e voltei da lua de mel no inicio de janeiro de 1954, diretamente para a Lapa, bairro onde passei a morar. Depois dos primeiros dias de acomodação tratei de procurar um lugar para trabalhar e o único colégio de bom nível da região era o Campos Salles, já um colégio grande com prédio próprio na rua 12 de Outubro 357. Eu trazia recomendações dos colégios onde havia lecionado; Externato São José, da rua da Gloria, muito conceituado e do Colégio de Santa Inês no Bom Retiro, colégio enorme e tradicional. Não podia continuar neles porque ficavam muito distantes da Lapa. Comecei no Campos Salles em março de 1954,substituindo uma professora de Ciências que estava em licença maternidade. O horário era das 7h às 9h da manhã duas (ou três) vezes por semana. Bom, porque me liberava o dia todo para minhas obrigações domésticas iniciantes e para curtir o casamento recente. Quatro quarteirões era a distancia entre o consultório (que também era nossa casa) e o colégio

RETALHINHOS DO PASSADO

Em um dos cursos de julho, um prof. falou de Alvarenga e Ranchinho e logo a memória é ativada. Continuo dizendo que ela é infinita. Um flash e aí vem uma história. Para a geração atual que não sabe, Alvarenga e Ranchinho foi uma dupla que cantava musica caipira e teve seu auge na década de 30. São famosas suas sátiras políticas o que os manteve até a década de 70. Muito requisitados durante as campanhas políticas, participaram de uma infinidade de filmes, programas de rádio, shows em cassinos... Suas musicas não políticas se caracterizavam pela dramaticidade, tristezas de amor, e enredos trágicos. Alvarenga e Ranchinho usavam sempre o traje caipira, camisa xadrez, chapéu de palha de aba curta e botas de cano curto. Usavam também a simplicidade do homem do campo, sem terem nascido na roça, sem jamais terem vivido na roça. Mostravam na verdade, que a ingenuidade das anedotas, os improvisos um pouco mais apimentados, as sátiras políticas, as Modas de Viola e as canções de amor, express

COMPARATILHAR

COMPARTILHAR - palavra mágica, que concentra uma atitude de vida EU COMPARTILHO minha amizade com todos aqueles com quem tenho empatia. TU COMPARTILHAS o teu Amor comigo. ELE COMPARTILHA o que sabe com as crianças. NÓS COMPARTILHAMOS com a esperança no futuro. VÓS COMPARTILHAIS de vossa sabedoria dividindo-a com a humanidade. ELES COMPARTILHAM seus cuidados e atitudes preservando a vida.

MANFREDO - TCHAIKOVSKY

Julho é um mês fraco em acontecimentos musicais. Mês de férias, os bons ouvintes de musicas eruditas viajam e, além disso, o mundo musical se concentra em Campos de Jordão, para o Festival de Inverno. Nunca fui, mas acredito que lá se respira musica neste mês. A abertura sempre é transmitida pela TV Cultura.Que bom, nos dá a oportunidade de participar. Ontem, cinco de junho os maestros foram John Neshling e Vitor Hugo Toro. Neshling dando o máximo de si porque deixa a orquestra em 2010 e naturalmente quer deixar a melhor das impressões. Programa com compositores brasileiros., Composições fortes com toque de brasilidade. Na segunda parte Tchaikovsky, com o MANFRED.Chamada às vezes de Sinfonia, é mais bem identificado como Poema Sinfônico porque foi composto sobre um poema de Byron. Narra a busca de um homem por sete espíritos que possam perdoa-lo e assim aplacar a culpa secreta que carrega. Pouca gente conhece, poucas vezes faz parte de um repertório. É de difícil execução pela orquestr

MUSICA EM JUNHO - SEGUNDA QUINZENA

Novamente o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo na terça, 17. Troquei a aula sobre “Cartola” por eles. Gosto mais. Neste dia não sei nem o que tocaram porque estava em crise de labirintite. Na sexta, 20 retomamos as aulas de Apreciação Musical na USP e ouvimos a versão meio comentada (um making off) da ópera de Wagner Parsival. Mais leve que as outras, uma encenação bonita, sugestiva, simbólica. No domingo 21, volto ao municipal com concerto da Orquestra Sinfônica. Como sempre tem sido, há sempre uma composição contemporânea brasileira. E Neste dia foi de um paulista e aí eu me ligo mais porque sendo de São Paulo me diz à emoção. Ainda não sei se gosto. Mas quando não encontro a melodia me ligo à orquestração. Achei bastante boa, com a percussão “trabalhando” bastante. O nome da peça é Sinfonia nº 2 Mhatuhabh e o autor é Mario Ficarelli. O lindo foi um concerto de flauta. Não tanto pela execução porque o fôlego da executante Cássia Carrascoza estava um pouco b

MUSICA EM JUNHO - PRIMEIRA QUINZENA

Começamos bem o mês com musica no Municipal logo no dia 1. Maestro que eu gosto – José Maria Florêncio. Um programa bem contemporâneo, de um compositor pouco conhecido: Penderecki, polonês que emprega técnicas modernas de composição para a sua musica de Vanguarda. Se gostei? Não sei. Bastante diferente, foi sonoramente agradável. Segui-se Sibelius (quase século XX) e César Franck (século XIX). No mesmo dia à tarde um programa completamente diferente, com a Orquestra de Câmara da USP com peças e compositores mais tradicionais Mozart - abertura da Flauta Mágica e Sinfonia Praga - e Haydn um concerto para Violoncelo solado por Antonio Lauro del Claro, o solista do qual me lembro ainda jovem com cabelos pretos, hoje está encanecido, como eu também. Na terça, 03, partes da Orquestra Sinfônica da USP se apresentaram no Teatro da Faculdade de Medicina. Foi um programa totalmente diferente, batizado de Dominó Sinfônico e com a participação especial de Wellington Nogueir

UMA BUTTERFLY ESPECIAL

A ópera Madama Butterfly no Teatro Municipal de São Paulo foi especial mesmo, para mim. Em uma segunda feira, junho, 23 de 2008. Para os privilegiados que viajam pelo mundo e assistem montagens nas grandes salas de ópera, meu comentário é no mínimo simplório. Coincidência ou não comemorou os 100 anos de Puccini e os 100 anos da Imigração Japonesa para o Brasil. Dupla comemoração só podia resultar em coisa especial mesmo. Vi inúmeras montagens, com poucas diferenças, sempre a cerejeira e as divisórias básicas japonesas. Pouca atenção eu prestava a não ser na musica., Atenção mesmo era à área “Un Bel di Vedremo”, mais conhecida. De tanto ouvir musica, de tanto ler, estudar e conversar sobre arte, acabo com maior percepção. Percebo no cenário de Tomie Ohtake referencias e mensagens que antes não perceberia. Vejo as luzes e cores descreverem, sem palavras os ambientes, o maior ou menor impacto emocional. Ora um ambiente festivo, ora de espera, ora trágico apenas expressados com variaç

ESPIANDO O MUNDO CONTEMPORÂNEO

Continuo curiosa e agora, menos tímida e mais segura em freqüentar lugares desconhecidos, aceito bem convites para eventos que chamam a minha atenção. Cadastrada em muitas instituições - Sesc. Sesi, Itaú Cultural, Fapesp, CIEE e outras tantas instituições culturais, sempre recebo convites e quando consigo, dentro de uma agenda bastante cheia, encontrar tempo, espaço e interesse, aceito o convite. Neste mês de julho de 2008, terminadas algumas aulas e os programas musicais meio em recesso, encontro tempo para novas aventuras. Foi o que aconteceu neste 1º de julho. O convite do Itaú Cultural era de bom gosto (o que já motiva) quase pessoal, o espaço na Av. Paulista, fácil de se chegar e o assunto “Emoção Artificial 4.0 – Emergência” bienal de Arte e Tecnologia interessante e atual. Muita gente já às 20horas. E aumentou muito mais tarde. Gente bonita, culta, falante, sempre conhecendo uns e outros, falando várias línguas, e um desfile de modas novas, extravagantes, nada formais, muito pe

PECHA KUCHA NIGHT

No pacote Arte e Tecnologia, estava um evento no mesmo Itaú Cultural, convite que me chegou pela Internet e de um grupo – Versão Paulo. Fiquei curiosa até pelo nome do evento PECHA KUCHA NIGHT Pesquisei para ver do que se tratava e aqui vai o que descobri: “Vivemos numa época em que o tempo tende a contrair-se, e não se dilatar. Tudo é fugaz, “tempus fugit”. Por isso, brevidade é fundamental hoje em dia. É conhecida a “boutade” do elevador: se você não conseguir resumir seu projeto no percurso entre o térreo e, digamos, o sexto andar do prédio de sua empresa, a sua idéia não vale nada. É também famosa a opinião do escritor argentino Jorge Luis Borges de que as melhores histórias da literatura mundial nasceram de argumentos incrivelmente curtos, resumidos em no máximo duas linhas. Pecha Kucha Night (PKN) chega em Julho a São Paulo através do Instituto Itaú Cultural. Trata-se de uma mistura de apresentação de portfólio e “poetry slam”, em que os inscritos selecionados têm exatamente 6 mi

PROFESSOR ERNST MARCUS E PROF. ANDRÉ DREYFUS

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PROF. ERNST MARCUS PROF. ANDRÉ DREYFUS

MISSA DE FORMATURA DA TURMA DE 1951 DA FFCL-USP

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ALAMEDA GLETTE - FFCL - USP- 1950

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Eudoxia, Helena,Neuza e Liliana Helena e Neuza

AULA DE BOTANICA - FFCL USP - 1949

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MINHA VIDA DE ESTUDANTE – TERCEIRA PARTE (1948-1951)

O primeiro ano de Universidade foi difícil, de adaptação, de greve de alunos e até segunda época de Química, coisa para mim excepcional. Tive caxumba na época de exame, mas eu acredito que tenha sido por não entender nada da Química.do prof. Senise já então nos moldes acadêmicos. Dos calouros da História Natural só foram para o segundo ano cinco alunos: Helena Villaça, hoje Cerqueira César, Eudóxia Maria de Oliveira Pinto, Cláudio Gilberto Froelich, que no fim do curso se casaram, Liliana Forneris, que permaneceu solteira e trabalhando na Usp, e eu, então Neuza Guerreiro. A ida para a Faculdade me propiciou mudança completa de ambiente. Vindo de um colégio médio, com colegas se não do mesmo bairro, pelo menos de níveis sociais parecidos, agora meu ambiente era muito heterogêneo. Colegas de bairros mais sofisticados, de níveis culturais mais altos, alguns estrangeiros cultos, outros de pais já com nome como cientistas, e até a filha de um médico famoso, morando em uma mansão no Pacae

MINHA VIDA DE ESTUDANTE – DUVIDAS, INDECISõES

Terminado o colegial, a grande dúvida. Que eu iria para as ciências Biologias já era ponto pacifico. E aí, a decisão de uma carreira. Medicina? História Natural? História Natural era o curso que mais se aproximava da Medicina. Medicina era difícil de se entrar. E eu tive medo? Insegurança? Desconhecimento? Não sei. Na época, a justificativa era que eu queria ser professora, mas de um setor mais adiantado da escola. Poderia trabalhar e ter uma família porque escolheria o quanto e onde trabalhar, compatibilizando vida pessoal e familiar com vida profissional. Mas, sempre fui uma médica frustrada. Sempre estive ligada à Medicina em todos os seus aspectos. Cheguei mesmo a fazer em 1978 um curso de Instrumentação Cirúrgica quando estava próxima da aposentadoria, para poder ingressar no ambiente de medicina. Não decolei. Ficou na vontade. Hoje, analisando melhor o assunto acho que não fiz Medicina por covardia mesmo. Mil novecentos e quarenta e sete foi um ano de estudos, estudos, estudos.