MANFREDO - TCHAIKOVSKY
Julho é um mês fraco em acontecimentos musicais. Mês de férias, os bons ouvintes de musicas eruditas viajam e, além disso, o mundo musical se concentra em Campos de Jordão, para o Festival de Inverno.
Nunca fui, mas acredito que lá se respira musica neste mês.
A abertura sempre é transmitida pela TV Cultura.Que bom, nos dá a oportunidade de participar.
Ontem, cinco de junho os maestros foram John Neshling e Vitor Hugo Toro. Neshling dando o máximo de si porque deixa a orquestra em 2010 e naturalmente quer deixar a melhor das impressões. Programa com compositores brasileiros., Composições fortes com toque de brasilidade.
Na segunda parte Tchaikovsky, com o MANFRED.Chamada às vezes de Sinfonia, é mais bem identificado como Poema Sinfônico porque foi composto sobre um poema de Byron. Narra a busca de um homem por sete espíritos que possam perdoa-lo e assim aplacar a culpa secreta que carrega. Pouca gente conhece, poucas vezes faz parte de um repertório. É de difícil execução pela orquestração sempre complicada de Tchaikovsky. Solos de vários naipes exige músicos de primeira linha.
Composta em 1885 é dividida em quatro movimentos:
- Primeiro movimento - Lento lúgubre, é pesado, é depressivo. De arrepiar. Representa um Manfred vagando pelos Alpes com sua vida em ruínas. Atormentado por pensamentos e memórias que deseja esquecer.
- Como se esgotado de tanto sofrimento, Manfred relaxa quando encontra caçadores simples; e o segundo movimento á leve, vivace.
- Segue-se uma pastoral no terceiro movimento em um andante com moto, sempre retomando e trabalhando o tema (ou temas) . O aparecimento de uma fada alpina é a ocorrência mais significativa.
- O final é um alegro não tão alegro com mais tendência a um ambiente lúgubre. A sinfonia termina não de maneira majestosa como acontece em quase todas, mas de maneira calma com a morte de Manfred. O órgão se faz presente.
Parece ser a sinfonia que mais expressa a personalidade complexa de Tchaikovsky, suas depressões profundas, a luta para manter em sigilo sua homossexualidade contra as normas sociais da época.
Como MANFRED entrou na nossa vida?
Ayrton era dentista e trabalhava de 10 a 12 horas em ambiente fechado. Por isso ouvia a Radio Cultura das 7h às 19h. Poucos clientes gostavam, mas um deles, Dr. David Ramos, um psiquiatra, conversava com ele sobre musica e foi quem primeiro apresentou Ayrton ao Manfred. Deu uma fita gravada (não era ainda tempos de CD doméstico).
Ouvimos essa fita à exaustão. Nas viagens para Caraguá ou para o sitio de Extrema. Acabamos por conhecer todos os detalhes, os temas, as variações. Foi nossa fase Manfred. Dizíamos MANFREDO.
Deixamos um dia a fita no nosso sitio de São Roque, junto com muitas outras. O sitio foi assaltado e com outras coisas levaram todas nossas fitas. Devem ter se decepcionado quando viram que todas elas eram musicas eruditas, que eles não entendiam.
E assim perdemos nosso MANFREDO.
Procurei muito em todas as casas de discos e CDs. Ninguém tinha, ninguem sabia, precisava importar, mas ninguém garantia.
Até que um dia, por uma dessas sincronicidades da vida, descartando um jornal vi uma propaganda que não tinha mais que 2cm numa folha inteira, misturada borrada, escura, onde se anunciava a chegada do CD de Kurt Masur regendo a Sinfonia MANFRED.
Lembro dos detalhes como se fosse uma fotografia. Fui em seguida, debaixo de um chuva fininha e fria até uma loja que não era central e que exigiu uma boa caminhada. Mas, finalmente tínhamos recuperado MANFREDO e recomeçamos a ouvi-lo sempre e sempre. Como éramos os dois a gostar dele, esse era mais um modo de compartilhar emoções.
Isso faz mais de 20 anos. e reforça minha convicção de que a Memória é infinita. Basta um detonador e sempre há o que resgatar.
Estou escrevendo essas memórias e historias ao som do MANFREDO com a orquestra de Lipzig e a batuta de Kurt Masur.
Ouvi ontem um MANFRED com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) e regência de John Neshling. Em Campos de Jordão.Pela TV Cultura em ótima gravação que deve dar um magnifico DVD.Esperemos por ele.
Momentos de musica, momentos de lembranças, momentos de emoção.
Nunca fui, mas acredito que lá se respira musica neste mês.
A abertura sempre é transmitida pela TV Cultura.Que bom, nos dá a oportunidade de participar.
Ontem, cinco de junho os maestros foram John Neshling e Vitor Hugo Toro. Neshling dando o máximo de si porque deixa a orquestra em 2010 e naturalmente quer deixar a melhor das impressões. Programa com compositores brasileiros., Composições fortes com toque de brasilidade.
Na segunda parte Tchaikovsky, com o MANFRED.Chamada às vezes de Sinfonia, é mais bem identificado como Poema Sinfônico porque foi composto sobre um poema de Byron. Narra a busca de um homem por sete espíritos que possam perdoa-lo e assim aplacar a culpa secreta que carrega. Pouca gente conhece, poucas vezes faz parte de um repertório. É de difícil execução pela orquestração sempre complicada de Tchaikovsky. Solos de vários naipes exige músicos de primeira linha.
Composta em 1885 é dividida em quatro movimentos:
- Primeiro movimento - Lento lúgubre, é pesado, é depressivo. De arrepiar. Representa um Manfred vagando pelos Alpes com sua vida em ruínas. Atormentado por pensamentos e memórias que deseja esquecer.
- Como se esgotado de tanto sofrimento, Manfred relaxa quando encontra caçadores simples; e o segundo movimento á leve, vivace.
- Segue-se uma pastoral no terceiro movimento em um andante com moto, sempre retomando e trabalhando o tema (ou temas) . O aparecimento de uma fada alpina é a ocorrência mais significativa.
- O final é um alegro não tão alegro com mais tendência a um ambiente lúgubre. A sinfonia termina não de maneira majestosa como acontece em quase todas, mas de maneira calma com a morte de Manfred. O órgão se faz presente.
Parece ser a sinfonia que mais expressa a personalidade complexa de Tchaikovsky, suas depressões profundas, a luta para manter em sigilo sua homossexualidade contra as normas sociais da época.
Como MANFRED entrou na nossa vida?
Ayrton era dentista e trabalhava de 10 a 12 horas em ambiente fechado. Por isso ouvia a Radio Cultura das 7h às 19h. Poucos clientes gostavam, mas um deles, Dr. David Ramos, um psiquiatra, conversava com ele sobre musica e foi quem primeiro apresentou Ayrton ao Manfred. Deu uma fita gravada (não era ainda tempos de CD doméstico).
Ouvimos essa fita à exaustão. Nas viagens para Caraguá ou para o sitio de Extrema. Acabamos por conhecer todos os detalhes, os temas, as variações. Foi nossa fase Manfred. Dizíamos MANFREDO.
Deixamos um dia a fita no nosso sitio de São Roque, junto com muitas outras. O sitio foi assaltado e com outras coisas levaram todas nossas fitas. Devem ter se decepcionado quando viram que todas elas eram musicas eruditas, que eles não entendiam.
E assim perdemos nosso MANFREDO.
Procurei muito em todas as casas de discos e CDs. Ninguém tinha, ninguem sabia, precisava importar, mas ninguém garantia.
Até que um dia, por uma dessas sincronicidades da vida, descartando um jornal vi uma propaganda que não tinha mais que 2cm numa folha inteira, misturada borrada, escura, onde se anunciava a chegada do CD de Kurt Masur regendo a Sinfonia MANFRED.
Lembro dos detalhes como se fosse uma fotografia. Fui em seguida, debaixo de um chuva fininha e fria até uma loja que não era central e que exigiu uma boa caminhada. Mas, finalmente tínhamos recuperado MANFREDO e recomeçamos a ouvi-lo sempre e sempre. Como éramos os dois a gostar dele, esse era mais um modo de compartilhar emoções.
Isso faz mais de 20 anos. e reforça minha convicção de que a Memória é infinita. Basta um detonador e sempre há o que resgatar.
Estou escrevendo essas memórias e historias ao som do MANFREDO com a orquestra de Lipzig e a batuta de Kurt Masur.
Ouvi ontem um MANFRED com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) e regência de John Neshling. Em Campos de Jordão.Pela TV Cultura em ótima gravação que deve dar um magnifico DVD.Esperemos por ele.
Momentos de musica, momentos de lembranças, momentos de emoção.
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