MAIS LEMBRANÇAS - O LARGO DO AROUCHE
O Largo do Arouche é um espaço
da cidade que faz parte das minhas lembranças.
Na década de 60, eu e Ayrton,
ainda casal jovem, ainda apaixonados e sempre preocupados em manter acesa a
chama da paixão (isso manteve o casamento por 46 anos) reservávamos a sexta
feira para “namorar”. Filhos pequenos, contavam com os avós maternos para
curti-los e cuidar deles de sexta para sábado.
Na sexta á tarde, eu nunca dava
aula e aproveitava para me embonecar, cuidar de mim, da minha “beleza”. À noite
saímos como um casal de namorados para um cinema, um jantar romântico, uns
“amassos” permitidos e a volta para casa para aproveitar momentos a sós,
difíceis com duas crianças pequenas.
O restaurante preferido era o
La Casserolle, perto de onde estacionávamos o carro, na época já um primeiro
fusca dos vários que tivemos.
E passávamos na então banca de
flores e eu recebia um buquê de violetas (as pequeninhas que não existem mais)
ou um buque de ervilha de cheiro que também desapareceu do mercado. Era um
gesto de carinho, de um começo de noite de amor.
Hoje, 2015, o largo do Arouche
continua lá, já mudou de nomes várias vezes: Largo
do Ouvidor, depois substituído por Largo da Artilharia e ainda Praça Alexandre
Herculano. O nome Arouche veio para homenagear o tenente general, José Arouche
de Toledo Rendon, um antigo governante da cidade que teve uma casa ali..
Continua lá um
Brecheret chamado Depois do Banho
Continua lá o
restaurante La Casserole depois de 60 anos.
Continua lá a Academia Paulista de Letras ocupando um
prédio de número 324
Continua lá a
banca de flores, agora moderna, conservando o mesmo carisma nesses 60 anos.
Depois de anos
voltei à Praça por conta de um evento na
Academia. Com Maria Inês atravessei a
rua, e fui ver as flores e conversar com os floristas, relembrando meu passado.
E o sr. Ângelo me contou de quando o Mercado de Flores estava na Praça da
República e foi transferida para o Largo do Arouche. Despedimo-nos e prometi a
ele a foto. Recebi dele em um gesto de carinho uma rosa amarela que durou
vários dias.(registrado no texto anterior)Procurei e
encontrei entre meu material sobre a cidade uma foto de 1942, a banca de flores
do Largo do Arouche quando tudo era rudimentar, as flores ficavam dentro de
latões e no chão. A foto é também interessante pelos anúncios que se vê atrás.
Imprimi, montei
a foto como um miniposter e na visita seguinte à Academia fui leva-la para seu
Ângelo. Foi uma festa. Colocada em lugar visível certamente será motivo de
curiosidade. Ganhei mais uma rosa.
Mas, fui mais
longe ainda nas pesquisas. Antes da Praça
da República o Mercado de Flores da cidade ocupara um espaço em frente ao
Teatro Municipal. Nova procura, custei a encontrar mas encontrei a foto de 1930
no fundo da qual já se vê o Edifico Mackenzientão prédio da Light.
É sempre assim.
Um fato, um espaço, desperta lembranças que sempre registro e que complementam
a minha História de Vida.
Comentários
Roberto Adolpho
Salvador - BA