O INCRÍVEL PROCESSO DA MORTE - Dr Dráuzio Varela em 02 11 2008
Artigo do Dr. Dráuzio Varela de alto valor científico me levou a transcrevê-lo
Nossos filhos se tornaram adultos e tiveram filhos. O
nascimento de um neto é evidência de que não somos mais necessários para a
perpetuação de nossos genes. Desse momento em diante a vida seguirá em frente,
estejamos ou não por perto.
Em 70 anos, uma recém-nascida se tornou avó ou
bisavó. Quando nos aposentamos, a vida corre mais devagar. Nossos movimentos
também estão mais lentos. Os sinais externos da idade ficam mais evidentes.
Nossos sentidos estão menos sensíveis.
Desde o nascimento,
começamos a perder os cílios responsáveis pela captação dos sons, no interior
do ouvido. Nessa idade já temos dificuldade para escutar os sons de alta
freqüência. Devagar, com o tempo, perderemos até os que captam freqüências
baixas. Os ossículos que transmitem as ondas sonoras da membrana do tímpano
para dentro do ouvido endurecem. Fica difícil ouvir o que os outros falam.
A visão também piora.
A vida inteira expostos aos raios de sol, o cristalino, a lente dos olhos,
perde a elasticidade e escurece. Pode até mudar a cor dos olhos. O cérebro
precisa fazer acrobacias para compensar essas alterações.
O esqueleto reflete
bem o desgaste de muitos anos. Os ossos continuam fabricando células novas para
substituir as velhas, mas os osteoblastos já não dão conta de repor as células
perdidas. A perda constante de massa óssea torna os ossos quebradiços: é a
osteoporose, um perigo permanente. Sofrer uma fratura é muito mais fácil. Isso
acontece com ambos os sexos, mas as alterações hormonais da menopausa aceleram
o processo nas mulheres.
Por que a aparência
de nosso corpo muda tanto entre os 40 e os 70anos? É bem mais do que uma
questão de uso e desgaste. O envelhecimento é um processo que afeta uma por uma
de nossas células.
A cada dia, bilhões
de nossas células se dividem em duas. Para isso, precisam duplicar o DNA, e
destinar uma cópia para cada célula-filha. Enquanto as células mais velhas
morrem, as recém criadas ocupam o lugar deixado por elas.
O problema é que o
mecanismo de divisão celular é sujeito a pequenos erros. Quando o DNA é
copiado, as imperfeições contidas nele também são duplicadas.
Cada um desses erros é transmitido às
células-filhas, às células-netas e, assim, sucessivamente, para todas as
descendentes. É como nas fotografias: cópias de cópias perdem a nitidez. Desde
o nascimento trocamos todos os ossos do nosso rosto a cada dois anos.
Aos 70 anos, nossa
face é a trigésima quinta cópia da que tínhamos ao nascer. A cada cópia as
imperfeições se tornaram mais aparentes. É por isso que parecemos tão
diferentes quando estamos mais velhos.
Outra causa do envelhecimento está no ar que
respiramos. Sem oxigênio não podemos sobreviver, mas ele nos corrói lentamente.
Dentro de cada célula, as mitocôndrias são nossas centrais energéticas, nossas
fábricas de energia. Elas combinam o oxigênio com os nutrientes para produzir a
energia necessária ao funcionamento do organismo. Nesse processo são liberados
poluentes chamados de radicais livres, que agridem as próprias paredes das
mitocôndrias e comprometem a produção de energia.
Como conseqüência,
não conseguimos mais repor as células necessárias, nem corrigir os defeitos
ocorridos em seu DNA. O funcionamento dos órgãos fica comprometido. Eles podem
falhar. A morte, como a vida, é um processo construído no interior de nossas
células. Da mesma forma que o DNA controla nosso desenvolvimento, também limita
a duração de nossas vidas. Em cada cópia de si mesma, a célula perde um pequeno
fragmento de DNA. Depois de bilhões de divisões, foi perdido tanto DNA que a
capacidade de formar novas células fica comprometida.
A morte não é um
acontecimento instantâneo. É um processo através do qual os órgãos pouco a
pouco entram em falência. Ao dar as últimas batidas, o coração espalha pelo
corpo um hormônio que alivia a dor: as endorfinas. Sem oxigênio, os órgãos
param de funcionar. Em dez segundos a atividade cerebral cai. Em quatro minutos
o cérebro será lesado irreversivelmente. Perderemos a condição humana.
A audição é o último
sentido a nos abandonar. Mas algumas células permanecem vivas até mesmo depois
da morte: as da pele ainda se dividem por 24 horas. E são necessárias 37 horas
para que o último neurônio encerre a sua atividade.
Para alguns de nós, a vida pode durar muito
tempo. Quem nasce hoje tem expectativa de viver 80 anos ou mais. Mas todas as
jornadas um dia devem terminar. Depois de nossa morte, nossos filhos e netos
carregarão nossos genes no interior de suas células, e vão transmiti-los para
seus descendentes. Nossa vida continuará dentro deles. As memórias que
deixamos, também.
A nossa Viagem
Fantástica chegou ao fim.
Comentários
Eu conheci a senhora no programa da Ana Maria eu acho, já nem sei, e nunca mais esqueci, quando crescer,hahaha, quero ser como a senhora, uma escrevinhadora de histórias, te admiro muito!! Muita Saúde, Concertos e tudo de bom em 2014!!! Beijos.
Obrigada!
Abraços!
Boa tarde!