OBJETO DE MEMÓRIA – UM JARRO
Pela identificação veio da Alemanha, pelo tempo com a familia - 1929
A referencia foi o casamento
de meus pais João e Eudóxia em 6 de
julho de 1929..
Por costumes e no meio social em que os dois viviam a morada do casal era em aposentos em uma
casa compartilhada.
Por classificação social não eram “pobres” : meu pai era o
único da familia que tinha algum estudo: era guarda-livros e minha mãe era
bordadeira à máquina trabalhando (até o casamento) na conhecida Casa Paiva no centro
de São Paulo.
O bairro de moradia era
o Brás e a rua era Benjamim de Oliveira. A casa era alugada de uma
senhora dona Maria, viuva com dois filhos. Eram dois cômodos, uma cozinha comum
com a dona da casa e um banheirinho nos fundos, isolado.
Os móveis:
Na sala, minuscula, uma mesa quadrada de quatro pés. Das
cadeiras não me lembro mas uma cristaleirinha com portas de cristal bisotado
que fez o meu encanto por muito tempo habita ainda a minha memória.
O dormitório - uma cama,estilo Maria Antonieta (como sempre
ouvi falar, mas não me lembro) tinha um estrado
de molinhas de aço. O colchão de palha com aberturas por onde passavam as mãos que ajeitavam a
palha depois da noite dormida, Ao lado
da cama o “Criado-Mudo” (2) redondos com
portinha e que abrigava um objeto importante na época, o penico. Não sei
o que se colocava sobre ele, nos seus tampos. (??????)
Um Guarda Roupa de
duas portas, pequeno porque as roupas
todas pessoais e da casa não eram muitas. E uma peça que chamávamos de “toalete”
(adaptação brasileira de Toillette) com tampo de mármore cor de rosa que
encimava uma cômoda com gavetões que acomodava a maioria das roupas e que ia
sendo adaptada quando a familia crescia e as roupas aumentavam.
Sobre o tampo de mármore cor de rosa (que habita ainda minha
memoria fotográfica), ficavam peças de
porcelana que constituiam o “luxo” do casal. Peças maiores e dominantes eram uma bacia com um jarro, tudo porcelana
importada e decorada. O Jarro à noite era abastecido com água para ser usada na
bacia para a primeira ablação do dia seguinte.
Peças menores ,mas com funções especificas eram um peça eliptica
de uns 15 – 20cms, que acomodava
pentes (dedução minha pelo formato e tamanho),
uma baciazinha redonda de 12 a
15cm que servia para manipular o sabão e
o pincel para ser espalhado pelo rosto do homem da casa, na região da barba. Com uma
navalha a “barba era feita” com uma perfeição única, Um espelho de mão para
acomanhar o barbear.
Não me lembro se havia um espelho maior como acabamento do toalete (devia ter) .
Gostaria de me lembrar de mais detalhes, mas
foram meus primeiros anos antes dos 4 anos.
O que sobreviveu foi o JARRO que agora, 93 ans depois ocupa
um lugar respeitado na minha vida, ao
lado de fotos de meus pais e com referencia a eles.
Durante esses anos os móveis ,como a familia, nos
acompanharam durante algum tempo, mas em
dias melhores foram para mim quando eu era então filha única porque minha irmã,
quatro anos mais nova, já tinha para outro mundos. . Ainda foram meus durante
algum tempo, os tempos que eu identifico co “tempos do sobradinho
Em uma época de dias melhores ainda foram para outro espaço (??) porque eu ganhei móreis especiais para mim
Algumas peças sobrevivem e a minha ultima cama de solteira encontrou lugar na
casa de André e Rosinha, em Cunha.
Mas, o JARRO foi
ficando como enfeite e acabou com tia Chiquinha e depois com a prima Vera. Vera também se foi
e entre toda as suas coisas eu só queria o JARRO que sabia que ainda
existia.
Graças à atenção de Regina, já da geração atual., o JARRO foi
encontrado , chegou a mim e o respeito como testemunha de quatro gerações: dos meus pais,
minha, dos meus filhos e netos, porque eles estão acabando de conhecer sua história por este texto.
O JARRO é agora dum OBJETO DE MEMÓRIA.
Comentários
Muito obrigado por compartilhar conosco essas recordações tão especiais.
O jarro é lindo e me fez lembrar objetos semelhantes dos meus avós, na casa onde moraram no Belenzinho.
Como na sua história, na minha também ficou um pequeno pote que atravessou os anos, as gerações e tenho aqui comigo em Pequim, na China (!), onde estou morando há alguns anos.
Um abraço grande daqui do outro lado do mundo de um de seus leitores.
Um dos principais é um relógio Westclox, a corda q despertava a família toda para o trabalho todas as manhãs ..
Já não funciona mais e cumpre apenas seu papel como decoração...mas é significativo e simbólico , marca uma época de muito trabalho e busca por uma vida melhor.
Abraços
Luiz e Marlene
O slogan era Westclox, despertando a nação !