MOÇA NO METRÔ Vagão cheio. Moça sentada no assento do corredor. Abre a bolsa, grande para conter o mundo. Lá no fundo sapato, documentos, carteira, moedeira, bilhete único, catálogo de telefone, agenda, absorventes íntimos, camisinhas, echarpe vistosa, bijuterias brilhantes ou menos brilhantes, um “nécessaire”. Um caos. Moça de boa aparência, branca, entre 25 e 30 anos, não muito bonita, fora dos padrões da moda, meio gordinha, mais baixa do que alta. Mas, tem a seu favor uns olhos azuis de safiras.. Cabelos ainda molhados, descuidados. Cara lavada. Expressão preocupada às vezes absorta, às vezes pesada, outras sonhadora, com riso apontando. Olha o relógio, se agita, preocupa-se e pega na bolsa grande e aberta a “nécessaire”: base. Blush, sombra, baton, delineador e um espelho grande, de tamanho suficiente para que ela se veja de rosto inteiro. Começa o ritual sem o menor constrangimento. Não se importa se desperta curiosidade. Está na dela, alheia à multidão que a circunda. Sabe q...