NOSSA VIDA COM CACHORROS - 2
Em um aniversário dos meninos, acho que foi em 1965, a festinha estava animada, quando Ary chegou de São Carlos e trouxe de presente para os dois, um cachorrinho, lindo quando pequeno. Devia ser um mestiço mal “misturado”, porque a parte de traz lembrava bassé e a parte da frente bulldog. Marrom claro, patas curtinhas para sustentar o corpo. Foi o Pinduca.
Todos gostavam dele. Eu não me liguei muito, porque trabalhava bastante por essa ocasião, mas as crianças e meus pais sim. . Era um cachorro meio enfezado, a cara “carrancuda”. Sorrateiro, entrava devagar na sala, se escondia atrás da cortina e ficava entre o vidro e a grade, dormindo o tempo todo.
Não ligava quando as pessoas entravam em casa, mas não as deixava sair. Gostava de morder o calcanhar do Ayrton e ele não gostava do Pinduca. Como era um cachorro meio pesado, nunca saia com a gente de carro, mas se alguém esquecia o portão aberto saia simplesmente (muito diferente das fugidas do Qüem Qüem) e dava um trabalhão encontra-lo. Uma vez ficou dois dias desaparecido e fomos encontra-lo no Colégio Anjo da Guarda, do outro lado da rua Cerro Corá. Como atravessou a rua movimentada numa sexta feira à tardinha, sem ser atropelado pelo “grande” movimento, ninguém sabe.
Quando nós seis saíamos (o que não era comum, porque sempre nos revezávamos com meus pais para não deixar a casa sozinha) a Maria dormia em casa para dar comida a ele. Numa das vezes o Pinduca que já estava meio doente: tinha a coluna completamente curva, como se as patas fossem insuficientes para sustentar seu peso, e devia estar comprimindo órgãos vitais - Morreu quietinho (com 14 anos) e achamos um bilhete falando da morte dele, e o encontramos morto no quintal. nem Jurema nem Flavio nem meus pais estavam. Tivemos que emprestar uma pá, cavar um buraco no jardim e enterra-lo. Quando todos chegaram, foi um desespero.
Foi até com certo alívio que aceitamos a morte do Pinduca, porque sempre tinha que se cuidar para que ele não entrasse em casa. Ayrton não queria e Pinduca se vingava quando expulso de dentro, levantando a pata e molhando Ayrton.
Pelos tempos do Pinduca, apareceu no jardim da Caativa que era todo aberto, sem grade, uma cachorrinha que adotou a casa. Alimentada uma vez, não saiu mais da grama. Cada um que chegava ela recebia com a maior festa, fosse de casa ou visita. Nós a chamamos de Aparecida, pelas circunstâncias como chegou. Começou a nos causar problemas, e Pinduca também não a aceitava no seu espaço, de modo que era a maior “lateção”. Resolvemos leva-la embora.
Colocamo-la no carro e numa noite de nevoeiro intenso a deixamos pelos lados da Praça Panamericana. No dia seguinte, lá estava ela de novo. De novo no carro, fomos até o Paraíso, na casa de minha tia. A deixamos do lado de fora, no murinho, na esperança que ela fugisse. Quando, depois de horas saímos, ela estava como uma estátua no mesmo lugar.
Novamente no carro, fomos mais longe. A soltamos numa praça e saímos. Ao parar no semáforo, lá estava ela, com as patinhas na janela pedindo para entrar. Com dó, a recebemos novamente. Não sabíamos o que fazer com ela. Na Marginal não queríamos deixa-la, porque seria atropelada logo, logo.
Acabamos para os lados do Itaim e em uma praça onde parece que havia um “congresso” de cachorros, a soltamos. Ela correu ao encontro de seus semelhantes, e “fugimos” nós. Ela não conseguiu mais voltar ou encontrou outra casa que a acolheu, ou ficou pelo mundo a fora.
Da mesma época do Pinduca foi o Chanú, um gato. Não sei como apareceu, mas já era adulto quando chegou. Era amarelo e não ligava muito para a gente, mas bastava chegar visita para que ele pulasse no colo e se enrolasse feliz. Como bom gato, não era muito fiel à casa. Saia para sua noites de amor, ficava dias fora e geralmente voltava machucado das brigas que devia enfrentar por suas gatas.
Uma vez voltou sem um dos olhos. Cada vez que desaparecia temporariamente voltava pior, mais doente, mais estropiado. Mas tinha mesmo sete vidas, porque resistia à tudo. No final da vida passou no lado de fora da casa dias e dias sem se alimentar, sem se mexer, mas vivo. E então pedimos ao lixeiro que o encaminhasse para algum lugar de atendimento. Até hoje minha mãe não gosta de lembrar do fato, pois ficou a impressão que o Chanú tinha sido colocado no triturador do caminhão de lixo. Provavelmente.
Sossego durante algum tempo, depois que Pinduca morreu.
Aí então o Flavio achou que a casa estava muito quieta. Devia ter brigado com alguma namorada, estava carente e então entrou em cena a Paloma, que é uma outra história.
Todos gostavam dele. Eu não me liguei muito, porque trabalhava bastante por essa ocasião, mas as crianças e meus pais sim. . Era um cachorro meio enfezado, a cara “carrancuda”. Sorrateiro, entrava devagar na sala, se escondia atrás da cortina e ficava entre o vidro e a grade, dormindo o tempo todo.
Não ligava quando as pessoas entravam em casa, mas não as deixava sair. Gostava de morder o calcanhar do Ayrton e ele não gostava do Pinduca. Como era um cachorro meio pesado, nunca saia com a gente de carro, mas se alguém esquecia o portão aberto saia simplesmente (muito diferente das fugidas do Qüem Qüem) e dava um trabalhão encontra-lo. Uma vez ficou dois dias desaparecido e fomos encontra-lo no Colégio Anjo da Guarda, do outro lado da rua Cerro Corá. Como atravessou a rua movimentada numa sexta feira à tardinha, sem ser atropelado pelo “grande” movimento, ninguém sabe.
Quando nós seis saíamos (o que não era comum, porque sempre nos revezávamos com meus pais para não deixar a casa sozinha) a Maria dormia em casa para dar comida a ele. Numa das vezes o Pinduca que já estava meio doente: tinha a coluna completamente curva, como se as patas fossem insuficientes para sustentar seu peso, e devia estar comprimindo órgãos vitais - Morreu quietinho (com 14 anos) e achamos um bilhete falando da morte dele, e o encontramos morto no quintal. nem Jurema nem Flavio nem meus pais estavam. Tivemos que emprestar uma pá, cavar um buraco no jardim e enterra-lo. Quando todos chegaram, foi um desespero.
Foi até com certo alívio que aceitamos a morte do Pinduca, porque sempre tinha que se cuidar para que ele não entrasse em casa. Ayrton não queria e Pinduca se vingava quando expulso de dentro, levantando a pata e molhando Ayrton.
Pelos tempos do Pinduca, apareceu no jardim da Caativa que era todo aberto, sem grade, uma cachorrinha que adotou a casa. Alimentada uma vez, não saiu mais da grama. Cada um que chegava ela recebia com a maior festa, fosse de casa ou visita. Nós a chamamos de Aparecida, pelas circunstâncias como chegou. Começou a nos causar problemas, e Pinduca também não a aceitava no seu espaço, de modo que era a maior “lateção”. Resolvemos leva-la embora.
Colocamo-la no carro e numa noite de nevoeiro intenso a deixamos pelos lados da Praça Panamericana. No dia seguinte, lá estava ela de novo. De novo no carro, fomos até o Paraíso, na casa de minha tia. A deixamos do lado de fora, no murinho, na esperança que ela fugisse. Quando, depois de horas saímos, ela estava como uma estátua no mesmo lugar.
Novamente no carro, fomos mais longe. A soltamos numa praça e saímos. Ao parar no semáforo, lá estava ela, com as patinhas na janela pedindo para entrar. Com dó, a recebemos novamente. Não sabíamos o que fazer com ela. Na Marginal não queríamos deixa-la, porque seria atropelada logo, logo.
Acabamos para os lados do Itaim e em uma praça onde parece que havia um “congresso” de cachorros, a soltamos. Ela correu ao encontro de seus semelhantes, e “fugimos” nós. Ela não conseguiu mais voltar ou encontrou outra casa que a acolheu, ou ficou pelo mundo a fora.
Da mesma época do Pinduca foi o Chanú, um gato. Não sei como apareceu, mas já era adulto quando chegou. Era amarelo e não ligava muito para a gente, mas bastava chegar visita para que ele pulasse no colo e se enrolasse feliz. Como bom gato, não era muito fiel à casa. Saia para sua noites de amor, ficava dias fora e geralmente voltava machucado das brigas que devia enfrentar por suas gatas.
Uma vez voltou sem um dos olhos. Cada vez que desaparecia temporariamente voltava pior, mais doente, mais estropiado. Mas tinha mesmo sete vidas, porque resistia à tudo. No final da vida passou no lado de fora da casa dias e dias sem se alimentar, sem se mexer, mas vivo. E então pedimos ao lixeiro que o encaminhasse para algum lugar de atendimento. Até hoje minha mãe não gosta de lembrar do fato, pois ficou a impressão que o Chanú tinha sido colocado no triturador do caminhão de lixo. Provavelmente.
Sossego durante algum tempo, depois que Pinduca morreu.
Aí então o Flavio achou que a casa estava muito quieta. Devia ter brigado com alguma namorada, estava carente e então entrou em cena a Paloma, que é uma outra história.
Comentários
Se topar poderiamos fazer uma troca de link entre nossos Blogs.
Espero sua visita ao meu Blog
http://souzapc.zip.net/
Parabens pelo o seu MARAVILHOSO trabalho.
Me chamou muito atenção seu blog, e principalmente quando fala sobre a literatura, sinto também um pouco do que disse, sobre não ter com quem compartilhar as sensações de um bom livro.
Vi que leu as Brumas de Avalon, e esta entres seus preferidos, assim como esta entre os meus.
Escrevo para lhe dizer que adorei ..adorei sua inteligencia, sua atitude diante a vida, e sua coragem em expor o que é sem medo das criticas, minha realidade como disse é muito diferente dai...mas amo tudo que é bom, e espero um dia poder desfrutar também um pouco de sua sabedoria.
P.S. Perdão os erros ortograficos e de gramatica, confesso que não tenho uma formação academica, mas estou me esforçando ..rsrs
Um grande beijo
Lilianara
de Lucas do Rio Verde - MT