PAROU A CHUVA - FRIOZINHO JÁ DE INVERNO
É o dia 27 de junho. Já é noite. Escura como devem ser as
noites de inverno. Mas não chove. Enfrento a escuridão, mas por gentileza entro
na Praça das Artes pelo portão (não oficial para entradas) da Rua Conselheiro
Crispiniano. Mais seguro com
certeza. Encontro amigas casuais
do Teatro Municipal e elas e ajudam a
vencer o tempo porque chego sempre mais cedo.
Surpresa – Há um programa-folheto
agora só para o Quarteto de Cordas até dezembro. Lindo. Para ser guardado.
Entrar na Sala do Conservatório já
é voltar no tempo, na primeira década do século XX, mais precisamente em 1909. Independente das desconfortáveis
cadeiras e do lustre inadequado para o espaço, continua sendo um lugar de música.
Encontrei e conversei com alguém
sem a qual Betina não existiria: sua mãe. Conversamos.
E chega então o Quarteto de Cordas da
Cidade de São Paulo. O “meu”, o “nosso” quarteto.
Ainda lembrando o Quarteto de Leipzig
de há dias atrás. Não comparo. Não tenho capacidade para isso. São diferentes.
Em comum quatro músicos, quatro instrumentos, quatro doutores em música e
técnica.
Os alemães podem ser os melhores do
mundo, mas não tem uma Betina, um "prof." Marcelo (preparando o concerto quando
fala dos compositores, épocas, fatos de vida... com o humor que lhe é
característico.) Um Nelson (agora deixando crescer a barba??) e sempre atento, e
um Robert, tranquilo e eficiente. Acostumei às suas características.
O outro Quarteto não tem “amarração”
visual que os nossos quatro têm. Os “nossos” falam com os olhos, entendem-se
com o olhar. E falam diretamente ao coração, às nossas emoções porque são
“nossos”.
O programa de hoje foi inicialmente
Benjamin Britten e depois o Quarteto virou Quinteto e com a colaboração de
Edelton Gloeden ao violão mostraram Leo Brouwer um compositor cubano.
Um programa difícil para que executa,
difícil para o ouvinte. Dois compositores do século XX produzem música do
século XX. Quem vem de muito tempo atrás, difícil de acompanhar. O Leo Brouwer fala mais às minhas emoções porque
tem características hispânicas.
Tempo de encantamento.
E voltei rápido, vencendo uma
penumbra lavadinha até um ponto de ônibus que, ainda bem, chegou logo. Vou no
caminho todo envolvida em música que acabei de ouvir. Só faltou o abraço real
em cada um deles.
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