ENCONTROS, DESENCONTROS, REENCONTROS
Nosso encontro foi há cinquenta anos
O tempo de desencontro foi longo, muito longo.
Cada uma teve sua vida, seus compromissos, suas prioridades.
Um dia... aconteceu o reencontro, e isso aconteceu em 20 de abril quando recebi
seu e-mail surpresa, vindo de alguém com o nome de Maria Eletra. que entre
outras coisas dizia.
> Também me emocionei muito ao vê-la no vídeo sobre o bairro da Lapa. Dai, imediatamente procurá-la na web...... Que coisa boa poder " sentí-la" saudável e, que maravilha ter apossibilidade em poder revê-la. Quero lembrá-la que o meu sobrenome é *Pavan da Silva. *Dna Neuzinha, *o que tenho de vc comigo *é a grande lembrança de umaprofessora que me fez gostar de estudar a Biologia , tamanha era a formacomo tão bem ensinava. Prática, objetiva, sem muito nhe..nhe...nhe....e, ao mesmo tempo, carinhosamente, tinha uma proximidade maravilhosa com suas alunas. Eu me sentia muito querida pela minha professora. Vc foi marcante. Guardei meus cadernos até algum tempo ......super bem feito!
Também
sou educadora, trabalhei muitos anos em escola, Sou aposentada,
66a.
E o fio rompido de quase 50 anos novamente se amarrou.
Um nome. No fundo da Memória, emergiu rápido.
Uma fisionomia. Não emerge
rápido porque só foi registrada já muito. Conheci-as jovens e agora estão
senhoras, geralmente sessentonas.
O nome é MARIA ELETRA
.................
A fisionomia esperei para
ver agora. E Mesmo com essa distancia de tempo a reconheci no momento.
Imagine a emoção de “sentir”
o carinho das palavras de Eletra. 50
anos depois isso é muito significativo. E o fio partido se refês e trocamos palavras.
Não bastaram, tinha que haver um pele a pele e por iniciativa de Eletra, nos
encontramos. Em um primeiro momento apenas para um café, mas logo “engatamos”
conversas e acabamos em casa com mais assunto, e um sem parar de lembranças
sendo resgatadas.
Eletra tem agora 66
anos, trabalha mesmo aposentada e tem uma filha linda Cinthya que
está longe, porque trabalha como gerente das
excursões externas de um navio pelos
lados do Mediterrâneo e outros oceanos. Mora na Itália.
Mas, para que serve o Skype?
Por que não nos encontrarmos agora, para ver
como estamos?
Formatura (curso Normal) de Maria Eletra. 1968
- Eu Neuza sou a paraninfa e o prof
Guzzo o diretor da escola
50 anos de desencontro e agora o Reencontro
também foi registrado.
Estas somos nós Eletra e Neuza no Reencontro
E então Eletra, vamos constituir um grupo? O CS
1968 para nos reunirmos mais vezes. Procure contato com as sete meninas.
Novo encontro. Quando?Provavelmente em 1960. Também na Campos
Salles, eu ainda nova na escola com Flavio com 5 anos e Jurema com 2 anos. ANGELA
menina, sempre foi única com seu cabelo gracioso.Estudou Medicina, É uma médica
conceituada e também dava suas consultas no HC. Depois do desencontro longo só a revi em minhas andanças por lá, mas
então como paciente. Mas rapidamente.
Nem chegou a ser um encontro.
Reencontro
mesmo foi neste dia14 de maio de 2013, mais de 50 anos depois, quando eu
cheguei à Faculdade de Medicina especialmente para vê-la em uma palestra sobre
sua especialidade – Endocrinologia Ginecológica. Gentil como sempre me
reconheceu, nos abraçamos com um carinho acumulado pelos anos. Imagine o
orgulho de ver alguém a que ensinei as primeiras noções de ciências, ser alguém
de capacidade maior.
Embora seus cabelos tenham embranquecido,
continuam com a mesma graciosidade que sempre me encantou. Eu a reconheceria em
qualquer lugar.
Esta
é Ângela e seus graciosos cabelos
Mas, esse tipo de Encontro – Desencontro – Reencontro, já
tinha acontecido algumas vezes. Muitas, mas algumas mais lembradas e
significativas.
Meu encontro com PAULO FERNANDES foi entre 1963 – 1968 no então
curso Ginasial. Devo ter lhe dado aulas de Ciências. Saiu dessa primeira escola, andou por outras
e acabou por sair do Brasil e se fixar na Suécia em 1970.
Paulo Fernandes em Rotherdam 1971
Através da Internet, (sempre
ela) quase 40 anos de desencontro,
em 2001 me reencontrou,
entrou em contato e me causou uma grande satisfação profissional ao se lembrar,
do outro lado do mundo, coisas que eu transmiti, mas que já nem me lembrava. E
ele citou:
- da
dissecação de minhoca, criação de bicho da seda, corrida de baratas que eu
usava para motivar o ensino.
- da coleção de plantas secas cheirando a
naftalina que fazia como tarefa.
- das tardes que passou observando saúvas em
um enorme formigueiro de vidro no Instituto Biológico.
- da peruca que eu usava - moda na época – e que
causava muitos risos entre os alunos.
- do entusiasmo que eu demonstrava artigo
muito raro dentro daquela escola.
Quando ele esteve no
Brasil visitando parentes em 2002, nos reencontramos depois de alguns
desencontros. Passamos uma tarde conversando, trocando histórias de vida. Já
então ele estava bem doente. Ainda durante um tempo trocamos e-mails ele me
mandava sempre CDs com seleção de músicas eruditas que ele sabia que eu
gostava. Tenho todos eles.
E então, as respostas
pararam, nunca mais consegui contato. Não quero pensar que ele tenha completado
seu ciclo de vida, mas é o mais provável.
É dele a frase “A
vida é um eterno desencontro”
Mais um encontro bastante remoto. Pelos
idos de 1944 conheci uma jovem, Rachel - que tocava piano. Foi o primeiro piano
que eu vi. Eu era amiga da irmã Perla e
perdi o contato quando elas se mudaram para o sul.
Ao escrever sobre
vidas que passaram pela minha, procurei por Perla e encontrei Rachel. Perla já
estava no espaço. O período de desencontro de mais de 60 anos
se tornou um reencontro
também e sempre pela Internet, agora em 2001.
Nos abraçamos com um
abraço real e não virtual, trocamos visitas muitas vezes, eu escrevi a história
de sua família e acabei por fazer um curso com sua filha Belinda,na psicologia
da ECA - USP.
Os dois irmãos de
Rachel, Perla e Isaac tá tinham partido e ela tinha apenas as duas filhas,
Belinda e Esther para constituir sua família. Foi tão importante para ela esse
reencontro que eu e minha mãe fomos convidadas para um SABAT, reunião familiar
muito fechada na família judaica. Foi numa sexta feira naturalmente (ritual
judaico). Como dificilmente uma família judaica divide a sexta feira e o Sabat
com estranhos, fiquei muito sensibilizada e
vislumbrei a importância que isso tinha para reforçar a amizade.
Mas, Rachel também já
cumpriu seu ciclo de vida (como provavelmente também Paulo) e não haverá mais
reencontros. Não haverá mais possibilidade de formar grupos para conversas de
memória.
Esther – Rachel – Belinda em 2001
Meu encontro com Pedro Molina também
foi via Campos Salles no tempo em que eu lecionava também no antigo
Científico. Pedro tinha a idade do meu
filho e compartilhava nossa casa quando ia exibir filmes científicos que
conseguíamos para as aulas. Ele era responsável pelo setor Audiovisual da
escola. Tínhamos uma ligação professor-aluno quase como mãe-filho. Fui um apoio
forte na doença de sua mãe. Depois ela morreu, ele foi embora para a Espanha
com parentes que vieram buscá-lo (a ele, o pai e a irmã). Foi em 1975.
Não tive mais
notícias até 2000 (sempre pela Interne) quando depois de um desencontro de 25
anos voltamos a nos comunicar, trocar e-mails em que contávamos nossas
histórias de vida nesses 25 anos. A ligação voltou a ser tão forte que ele
passou a me chamar “minha mamãe brasileira” e eu o chamava de “meu filho
espanhol”.
Sempre a par de toda
sua vida: Pedro casou, tem dois filhos e quando a filha engravidou de trigêmeos
eu passei a receber fotos de ultrassom, desde o primeiro. Acompanhei o
nascimento e os considero meus “bisnetos virtuais”.
Os 25 anos de desencontros foram totalmente
encobertos pelas noticias frequentes.
Mas, pele a pele é
diferente e, depois de 37 anos pudemos nos abraçar com abraços não mais
virtuais, mas reais. Foi nosso Reencontro
real. Passamos juntos quatro dias, aqueles dias que ficarão na minha memória
como dias felizes. No passeio por Madri em abril de 2012, a Puerta Del Sol foi
testemunha do carinho que nos ligava.
Eu e Pedro em Madrid
Continuamos com as
noticias, que nem sempre são as melhores, mas são noticias e elas me permitem
compartilhar problemas e alegria dessa família que acabou sendo a minha lá
longe. Conheci meus “bisnetos virtuais” agora com 11 anos e já então bisnetos
reais, bisnetos de coração e por adoção.
Meus “bisnetos” antes virtuais, agora reais
Haverá outros
encontros, desencontros e reencontros. Por
ora, são os que me lembro.
Comentários
Como é gratificante tornarmos real o que era virtual. Veio
à tona meus tempos de ginásio,científico, também longínquos e tão saudosos.
Estudei num colégio de freiras, mas tínhamos uns três professores também, de fora do meio.
Neuza, tenho um Blog e desvirtualizo com as amigas que faço. É tão bom, um café, uma conversa, um abraço carinhoso ..... sou de Niterói-RJ, já fui a São Paulo este ano para um Encontro com umas 30 blogueiras de lá. Foi lindo, emocionante.
Desencontros, encontros, reencontros .... que lindo!
Beijos querida.
Bjs. Célia.