COMO COMEMOREI O ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO

25 de Janeiro de 2009, 455 anos, cidade de São Paulo, festas. O dia, o ano, a idade, o lugar me envolveram nessa comemoração,

Em geral começo a comemorar muito antes do dia 25, e neste ano só pensei muito São Paulo. Uma ligeira interrupção para respirar um ar puro, conviver com pavões, faisões, araras, cisnes e marrecos e logo o envolvimento voltou. Neste ano, tive a oportunidade única de passar para outras pessoas o pouco que eu sei sobre a cidade, mas, sobretudo passar e emoção que sinto sempre que falo dela.

O lugar onde durante duas semanas pude falar de São Paulo já é mítico: Casa das Rosas. Na nossa mais bela Avenida, a Paulista, é Ramos de Azevedo como pai, caprichando no presente de casamento para a filha. Jardins, salas, escadas de um outro tempo, recebe agora um projeto cultural, o ESCREVIVENDO que se desdobra em outros sempre novos.

Foi através do ESCREVIVENDO que entrei com minhas palestras interativas sobre o Centro de São Paulo. Seis encontros, 12 horas de puro deleite. Convivência com jovens que nada sabiam da cidade e aprenderam um pouco, com senhores e senhoras que puderam testemunhar um outro tempo, as mudanças da cidade e puderam entendê-la, respeitá-la e amá-la. E sempre há depoimentos, historias pessoais, a acrescentar.

E falamos da Praça da Sé e seus arredores, demolições e implosões, do Páteo do Colégio, do Mercado Central, da borda do planalto, do Vale do Anhangabaú, dos viadutos – o primeiro e o atual – do Centro Novo com o Teatro Municipal, da Avenida São João como a Cinelândia que foi. E de quebra, ainda falamos sobre a Luz, sua estação, suas Pinacotecas, seu Jardim.

Já no final de dezembro, o material estava pronto, ppt (power point) revisado, e modernamente guardado no pen-drive. E então comecei a organizar um material visual. Foram 80 mini-posteres da historia da cidade, desde a primeira casa dos jesuítas até a ultima novidade da cidade, a ponte estaiada. Montados, legendados e ordenados, ficaram à espera da ultima aula. Na impossibilidade de uma exposição de maior abrangência, fomos criativos: Penduramos os pôsteres onde havia uma saliência para isso: maçanetas, dobradiças, carteiras, mesa, suportes. Só nós os vimos, o grupo participante.Que pena. Mais gente poderia saber mais sobre a cidade. Mas a programação já estava fechada. Sou sempre improvisadora, invento as coisas em cima da hora e as coisas espontâneas sempre são autenticas. E, sempre tem quem entenda o espírito da atividade e Nani, ,Mitiru, Rosi Alexandre, João Carlos, Pedro, José Guimar, Cristina.......ajudaram, inventaram produziram novidades. Fico devendo as fotos. Para quem trabalhei? Para quem ama São Paulo porque, como dizia Bilac “Só quem ama é capaz de ouvir e entender estrelas”

Essa foi a maneira direta que eu encontrei para comemorar o aniversário da cidade, até o dia 22.

E a maneira indireta foi participar das festividades maiores. E aí, no dia 24 começaram as atividades múltiplas. Alegres, tristes, pesadas intensas, diferentes.

Dia 24 na Estação Pinacoteca (minha velha conhecida de trabalho) a inauguração do MEMORIAL DA RESISTÊNCIA. Reformado, o espaço é parte de um lugar dedicado à preservação da Memória da Resistência e da Repressão no edifício sede do antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), mais um projeto Ramos de Azevedo em São Paulo.
Ambiente pesado, tenso, traz de novo um tempo de tristeza, agonia, sofrimento. Pairam no ar os ais, os gritos das torturas, as provas de injustiças em tempos negros. Fiquei circulando por lá umas três horas, em meio a muitas pessoas, algumas das quais sentiram na pele todo o horror da prisão; Nas paredes das celas mínimas, as frases testemunhando a dor e a revolta. Às vezes registrando as mortes.

Muito bem organizado, o museu tem linhas do tempo perfeitas para mostrar a seqüência de horror, a luz no túnel, o povo agindo e finalmente a democracia voltando. Se puder vá visitá-lo. É uma obrigação conhecer a História da cidade.

Ainda no dia 24, em uma bela exposição tomei conhecimento de fotos se Aurélio Becherini que retratou a cidade em transformação. Muita demolição, substituições e uma nova cidade surgindo. Ganhei o livro. Belo livro.Com dedicatórias e autógrafos Fez-me muito feliz porque é mais um objeto sobre a cidade. E fotos que eu não tinha.
Conversa com quem sabe dela, da cidade, com o prof. José de Souza Martins que me deu um pouco de seu tempo numa prosa interessante.

E no dia 25, logo às 9h da manhã, fui participar do Aniversário Cultural de São Paulo, com o tema São Paulo, o cenário de uma grande História. Já tinham acontecido teatralizações no Páteo do Colégio (dia 11), no Teatro Municipal (dia 18) e hoje a finalização foi no Jardim da Luz, Estação Julio Prestes, Boca do Lixo e Estação da Luz e Museu da Língua Portuguesa. São peças de teatro montadas nas ruas.

Em cada um dos espaços escolhidos, um grupo de teatro apresentava a história do lugar de maneira bem humorada, correta e didática. (claro com uma propaganda do governo também.)

A primeira apresentação foi no Jardim da Luz, onde de forma teatral falou-se toda a história do jardim e da Pinacoteca. Uma “Tarcilla do Amaral” muito bem caracterizada fala dos artistas que tem obras na Pinacoteca – Brecheret, Pedro Américo, Portinari.... e fala até da exposição de Rodin.

Depois, todo o publico se deslocou para a praça Julio Prestes, em frente à antiga Estação Sorocabana e atual Sala São Paulo. Falou-se da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) – cujo maestro deixou a regência esta semana.

A terceira apresentação foi no estacionamento da Sala São Paulo e a abordagem foi sobre a Boca do Lixo e sobre gente que produziu cinema, produção fértil entre os anos 60 e 80.Quando “se podia viver de fazer cinema”.

Volta-se para o Jardim para falar da Estação da Luz, a história de sua construção, do incêndio que a destruiu e a reconstrução perfeita, até com um andar a mais.

Aí eu já não agüentava mais de canseira. E voltei para casa. Mas, feliz porque comemorei o aniversário com grande participação.

O final do dia foi também com os aniversários da amigas Margarete e Fátima que tiveram o bom gosto de nascer no dia da cidade.

Devo as fotos.

Comentários

Unknown disse…
Dona Neuza!
Toda vez que abro meu netvibes (um site onde coloco todos os outros que costumo visitar - www.netvibes.com/cintiatie), fico de olho se a senhora atualizou o seu blog, com novas histórias sobre a cidade, sobre a sua vida...
Confesso que sou sua super fã e faço questão de divulgar o seu blog para os meus amigos.
Tomara que seus filhos, netos e toda a sua descendência herdem um pouquinho de sua sabedoria e amor (seja pela vida, pela cidade, por aqueles que a senhora ama), pois precisamos de mais pessoas como a senhora!
Que Deus continue a abençoar sua vida e que Ele permita que a gente desfrute da sua companhia (pessoal e virtual) por muuuuuitos e muitos anos!
Anônimo disse…
Tem um bichinho que me cutuca toda vez que vejo escrito aqui no seu blog sobre o projeto ESCREVIVENDO. Não sei porque, mas acho que ainda vou participar dele. Quem sabe?

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