CULTURA EM OUTUBRO - SEGUNDA QUINZENA

Começa a segunda quinzena Cultural de outubro.
No dia 20, novamente ópera. Desta vez foi a Madama Baterfly.
E aqui um comentário maior. No ano passado vi e ouvi outra Buterfly. Comentei muito porque foi ao vivo e me impressionou. Julgo até importante copiar o comentário:

A ópera Madama Butterfly no Teatro Municipal de São Paulo foi especial mesmo, para mim. Em uma segunda feira, junho, 23 de 2008. Para os privilegiados que viajam pelo mundo e assistem montagens nas grandes salas de ópera, meu comentário é no mínimo simplório.

Coincidência ou não comemorou os 100 anos de Puccini e os 100 anos da Imigração Japonesa para o Brasil. Dupla comemoração só podia resultar em coisa especial mesmo.

Vi inúmeras montagens, com poucas diferenças, sempre a cerejeira e as divisórias básicas japonesas. Pouca atenção eu prestava a não ser na musica., Atenção mesmo era à área “Un Bel di Vedremo”, mais conhecida.

De tanto ouvir musica, de tanto ler, estudar e conversar sobre arte, acabo com maior percepção. Percebo no cenário de Tomie Ohtake referencias e mensagens que antes não perceberia. Vejo as luzes e cores descreverem, sem palavras os ambientes, o maior ou menor impacto emocional. Ora um ambiente festivo, ora de espera, ora trágico apenas expressados com variações de luz. Falam por si as grandes formações que constituem o cenário.

De toda a opera o que mais me impressionou foi a cena da preparação da casa na espera do “marido” americano de Cio-Cio-San. Cenário enxuto, apenas uma mesa que tem uma porta retrato mostrando, sugerindo, a ligação da moça com seu “marido”. Uma cruz que simboliza a nova religião, a do americano, que Cio-Cio-San abraçou, renegando a sua e sendo renegada por sua família. E o apoio para o punhal envolto na faixa branca e que será o personagem final.

E a coisa mais linda: quatro coadjuvantes, envoltos em malha branca envolvendo até a cabeça, se posicionam com braços e pernas que lembram uma árvore estilizada. Nas extremidades, flores de cerejeira que são colhidas e usadas para enfeitar a casa. Pétalas vermelhas distribuídas com amor, esperança e alegria atapetam o chão.

A cena da espera no duplo da realidade e do sonho prepara para o impacto maior da realidade.Cio-Cio-San foi perfeita na dramaticidade. Foi, além de cantora, uma interprete à altura da cena maior. E o apoio da aia Suzuky manteve a coerência de toda a obra.

Gente chorou.

A orquestra estava afinadíssima nos seus momentos de lirismo e de drama.
Mas, Jamil Maluf é Jamil Maluf, Tomie Othake é Tomie Othake, Jorge Takla é Jorge Takla e Puccini é Puccini. “O resto é Silêncio”.


Hoje, 20 de outubro de 2009
Local onde foi passado o DVD: Istituto Italiano di Cltura
Programa: Madama Baterfly - ópera filmada com comentários muito especiais de Sergio Casoy. Com conhecimento, com humor e com capacidade de comunicação muito pessoal, ele prepara o evento.
Tudo diferente da apresentação anterior, embora a musica seja a mesma (Puccini), e a mesma tragédia japonesa.
Gravado ao vivo na Arena di Verona em 1983
O que é a Arena di Verona? Cair da noite e centenas de velinhas em uma iluminação natural, dava o diferencial do espetáculo.

A Arena de Verona é um anfiteatro romano, localizado em Verona, Itália, conhecido pelas monumentais produções de ópera que nela são apresentadas. É uma das estruturas do seu tipo que se encontram melhor conservadas.

A Arena foi construída em 30 AD numa zona que, à época, se encontrava fora das muralhas da cidade. Os ludii (espetáculos e jogos) que ali se encenavam eram tão famosos que alguns espectadores se deslocavam grandes distâncias propositadamente para assistir. O anfiteatro tem uma capacidade para 30.000 espectadores.

A fachada era originalmente de pedra calcária, branca e rosada. Depois de um terremoto que ocorreu em 1117 e que quase destruiu o anel exterior, com exceção da zona denominada Ala, a Arena foi utilizada como pedreira para outros edifícios. As primeiras intervenções de restauro aconteceram no Renascimento e tiveram por objetivo recuperar a funcionalidade da Arena para representações teatrais.

Graças à sua impressionante acústica, a Arena de Verona é um excelente local para a realização de concertos, prática que se iniciou em 1913. Hoje em dia, são ali apresentadas anualmente cerca de quatro óperas, entre Junho e Agosto, no âmbito do Festival Lírico Areniano.

Cenário tradicional não sofisticado; uma casa japonesa com um espaço cenográfico em torno. A interpretação de Cio-Cio-San -conforme Sergio explicou - deu pra perceber bem, foi magnífica: no primeiro ato uma situação de emoção amorosa em uma menina de 15 anos: leveza na interpretação. No segundo ato embora com diferença de 3 anos, Cio-Cio-San já é uma mulher madura, mas esperançosa e crente. A cena do preparo da casa com flores é uma exuberância de flores e flores. No terceiro ato a grande dramaticidade é passada pela interpretação.

Voz belíssima da protagonista (Raina Kabaivanska – soprano) que realmente domina toda a ópera. Os outros...são os outros.

Detalhe: em uma cena, quando o cônsul está dialogando com Cio-Cio-San, o barítono algumas vezes olhou para o maestro em vez de olhar para ela. Falha na interpretação.

Na quarta feira o show é de Marcos e seu Caymmi.. Ouvimos canções do sagrado, com a lenda do Abaeté e outras mais.

No dia 22 é quinta e nessa noite Dante dá um show conhecimento e comunicação com uma “aula-palestra” sobre A Musica vocal italiana no Renascimento e no Barroco. E naturalmente nos fez ouvir madrigais, canções, árias... de Luca Marencio, Gesualdo, Monteverdi, Caccini, Cavalli, Broschi e Vivali. E mais uns dois ou três pouco conhecidos.

Na sexta sempre um recital de um tempo que foi o tema da palestra da véspera. E hoje, 23, foi excepcional. Comentário à parte.

25 – Masp – OCAM – Gil Jardim. Três músicos ganhadores do concurso Jovens Solistas do Departamento de Musica da ECA/USP. Mezzo-soprano Joyce de Souza; piano Daniel Inamorato (muito, muito bom) e Carlos dos Santos Concerto de Vibrafone e orquestra. MNozart para os dois primeiros e Edmundo Villani Côrtes para o vibrafone. Presente o compositor

VILLANI-CÔRTES, Edmundo (n.1930) Nascido em Minas Gerais, o compositor, pianista, violonista e arranjador desenvolveu a maior parte de sua carreira em São Paulo. Compôs um grande número de obras para várias instrumentações, incluindo obras pra banda sinfônica e orquestra. Villani-Côrtes, que freqüentemente escreve para o contrabaixo, é inspirado por sua filha Gê Côrtes, que é contrabaixista profissional. É dele um dos três concertos brasileiros para contrabaixo e orquestra. Villani-Côrtes é professor aposentado da UNESP - Universidade Estadual Paulista, onde lecionou composição e teoria musical. Atualmente ele aceita encomenda de obras e é compositor convidado da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo.

29 – Aula Dante Pignatari – Forma SONATA – um estilo, uma maneira de escrever musica. Toda a aula girou em torno de Haydn, Mozart e Beethoven com a analise das obras e ouvindo sonatas dos três mas, as mais bonitas para mim: Patética e Apassionata de Beethoven.

Perdi muita musica por motivos particulares e encerrei o mês na Sala São Paulo pela gentileza de Rafael meu amigo querido. Em um ambiente pra lá de elitizado, um recital de piano com o siberiano Anatol Ugorsky que tocou Beethoven, Stravinsky e Chopin, mas eu não consegui ouvir nada, só um embaralhado de sons porque eu estava literalmente “do avesso”.


Em Artes Plásticas pouca coisa. Mas, consegui comprar a coleção da Folha sobre Museus. Então tenho 20 museus nas minhas mãos para conhecer uns e outros.
Continuo trocando o pôster de quadros famosos no porta retrato que mandei fazer. Agora está lá A Vênus no Espelho de Velázquez. Olho-o sempre que estou “assistindo” TV e o texto referente à imagem está com ela.

Por conta do trabalho do meu Amigo Alessandro andei dando uma espiada em um artista praticamente desconhecido, Giuseppe Archimboldi. Muito interessante como mostra sua biografia.

Giuseppe Arcimboldo (ou Archimboldi)
Nasceu em Milão, por volta de 1527. Faleceu em Milão em 1593
Iniciou a carreira como desenhista dos vitrais da catedral milanesa, ao lado do pai, Biaggio, seu primeiro mestre. Combinou o trabalho com o estudo das gravuras de Leonardo da Vinci, especialmente os de veia caricaturesca, cuja marca se evidenciaria na sua produção posterior.
Em 1562 mudou-se para Praga, Pintor favorito da corte, realizou vários cenários para o teatro imperial.

Seus principais trabalhos foram "As quatro estações" onde utilizou frutas , verduras e flores e "Os quatro elementos", utilizando animais marinhos e terrestres e objetos de guerra, para compor fisionomias humanas.
Arcimboldo era certamente um artista diferente para a sua época, criador do surrealismo quando nem se sabia o que era surrealismo embora tecnicamente não se possa dizer que ele foi um surrealista. É o tipo de pintura que nos obriga a despender um longo tempo para descobrir os detalhes ocultos atrás de cada pincelada.
O estudo e a avaliação da obra de Arcimboldo só foram tratados com rigor no início do século XX, talvez como reflexo do interesse que o surrealismo teve por ela.

Tão grande foi a influência de Arcimboldo, pintor do assombroso e do maravilhoso, que inúmeros artistas beberam da sua fonte, entre eles o espanhol Salvador Dalí.




Archimboldi - Outono

E também li sobre Fulvio Pennacchi.
Fulvio Pennacchi (Villa Collemandina (Villa Collemandina é uma comuna italiana da região da Toscana, província de Lucca, com cerca de 1.399 habitantes., 27 de dezembro de 1905 — São Paulo, 5 de outubro de 1992) foi um desenhista, pintor, muralista e ceramista ítalo-brasileiro.

Foi integrante do Grupo Santa Helena, juntamente com Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Aldo Bonadei, Alfredo Rizzotti, Mario Zanini, Humberto Rosa e outros

Sua pintura é sensível e pessoal, de modo especial na interpretação dos grandes temas bíblicos e da vida dos santos, em razão de uma infância marcada por sólida educação religiosa católica, e na evocação do mundo caipira.

Pennacchi - O Pão











Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

QUARESMEIRA OU MANACÁ DA SERRA?

EU E A USP

SETE ANOS