VIAGEM-DÉCIMO TERCEIRO DIA-QUARTA FEIRA - 11 DE ABRIL DE 2012


Noite dormida de hora em hora com medo de perder a hora.

DIA DE  REENCONTRAR  PEDRO

Quem é Pedro?
Pedro é um ex-aluno que perdendo a mãe foi para a Espanha em 1975. Perdi contato e só o reencontrei em 2000 através da Internet. Desde então nossa correspondência é frequente e tenho toda sua vida narrada por e-mails em uma pasta própria. Há um hiato nessa sequência, quando ele ficou muito doente, mas voltamos e agora estou tendo a oportunidade de reencontrá-lo. Depois de 37 anos de ausencia física. Eu chamo de “meu filho espanhol” e ele me trata como “minha mamãe brasileira”.

Meu voo saia às 10h tinha que estar no aeroportoo às 8 horas e tomar café pelo menos às 7h.  Todo atendimento no hotel teve grande atenção para comigo. Inclusive uma van me levou ao aeroporto.
Só então, com mais tempo pude ver como é o aeroporto de Lisboa, o Portela.

Como da outra passagem por esse aeroporto, quando viemos de Sevilha, eu tinha pestado muita atenção nas localizações, sabia bem onde era  Ibéria, (companhia pela qual eu voaria) a que horas faria o check-in, o que a passagem me dizia e fui calmamente lendo as indicações e acabei na sala de espera para o embarque.

Não precisei perguntar. Só ler. Não me atrapalhei nem um pouquinho. E faz muito tempo que não viajo de avião e mais ainda sozinha. Bom teste. Senti-me segura e confiante. Fez-me muito bem essa experiencia pessoal.

Informações no aeroporto: quarta feira – sol e em Lisboa temp.14 a 17 graus C. Voo pela Ibéria para Madrid voo 3111 AVIÃOAA 5713, saindo  ás 10h. Em Madrid temperatura de 10 graus C. Tempo de voo 1he 15  mais 1hora de diferença de fuso horário, cheguei às 12:15 em Barajas, aeroporto de Madrid.
A enormidade do aeroporto me assustou, embora eu já estivesse avisada.



A enormidade do aeroporto me prepara para a enormidade do encontro com Pedro.

Ele, segundo me disse, tinha apreensões. Como eu estaria? Precisaria de ajuda? Estaria muito envellhecida?  Surpreendeu-se quando me viu descer uma rampa, inteira, empurrando carrinho com malas.


Eu, procurando entre as muitas fisionomias a que eu saberia reconhecer mais pelo coração do que pelos olhos. Durante todo o percurso pelo
imenso aeroporto estava me preparando para o encontro. Coração acelerado, plexo solar ativado, garganta presa de emoção.

E, finalmente o contato pele a pele. Depois de 37 anos. Não choro ( faz 12 anos que não choro) mas me sinto desmanchar de emoção. Sinto mais do que falo e sinto sentimentos represados tentando romper a barreira das palavras. Quando consigo, são palavras comuns. O importante está dentro de cada um.

Nos próximos quatro dias vou ser tratada como uma rainha.

Saimos do aeroporto e percorremos os 12 kms até a cidade com olhos mais um no outro do que no que a cidade já poderia nos oferecer. Via lisa, limpa como de uma cidade civilizada. Vou ver muito mais coisas que atestam essa caracteristica de Madrid: limpesa em tudo.

Fomos para o Ayre Gran Hotel Colon, um hotel quatro estrelas que o Pedro tinha reservado para mim por cinco dias. Por conta dele.

Deixei as malas e como não estava nem um pouco cansada - estava isso sim excitada demais –fomos para a casa dele, um apartamento  de muito bom gosto em um conjunto habitacional de alto padrão,  até perto do hotel.

Conheci Pilar (Pilarim) e nos “encontramos” logo.  A preocupação que ela tinha de não me entender caiu por terra porque eu a entendia no seu espanhol. E Pedro traduzia o que ela não entendia de minhas palavras. Ela é muito risonha, alegre e simpática e já estava nos esperando , levando-me para almoçar.

Um fato muito engraçado: comigo, Pedro só falava em português e com Pilarim, só em espanhol. Não conseguia falar comigo em espanhol. Me  olhava e o português saia. Levou um tempo para que seu cérebro ajustasse lingua com pessoas.

Nosso almoço estava marcado para as 15h (hora normal para eles). Nem sei onde fomos só sei que nos esperavam.  Tudo foi tão normal que parecia que sempre tínhamos estado juntos.

Comemos uns peixinhos fritos (semelhantes ás nossas merluzas), mexilhões recheados e empanados (uma delícia) e uma paella mista. Uma loucura.  Eu e Pilarim tomamos “cerveza” (o nosso chop), muito leve.

Depois, andamos um pouco a pé e de carro para percorrer a cidade em uma primeira vez. Me mostraram pontos emblemáticos da cidade: Puerta de Alcalá, La Cibeles, Palácio do governo, Palácio Real.....e outros monumentos que veremos de novo. A cada lugar indicado, Pedro dava todas as informações. Apesar de brasileiro (mas já naturalizado espanhol) sabe muito da história da Espanha e das atualidades.  Fala com fluencia e segurança.
Primeiro lugar de Madrid visitado

Puerta de Alcalá
É um monumento situado na Praça da Independência. É constituído por duas portas rectangulares que ladeiam três arcos. Foi construído em 1778 pelo rei Carlos III para servir como porta de entrada da cidade.
Feita em pedra, a Porta era composta por três arcos e dois torrezinhas, sendo denominada "de Alcalá", pelo facto de comunicar a cidade de Madrid com o caminho que levava a tal localidade. A nova Porta de Alcalá teve sua construção iniciada em 1774 e concluída em 1778.
A Porta de Alcalá está organizada da mesma forma que um grande arco de triunfo romano. E como é composta por cinco vãos, dos quais os três centrais abrem-se com arcos de meio ponto, abobadados interiormente, enquanto que os dois das extremidades são dintelados.
Realizada em pedra caliça de Colmenar (Madrid) sobre um fundo de pedra granítica; a porta tem a altura de 19,5 metros. Com a excepção do arco central, que é igual em ambos os lados, o resto varia, pois na parte voltada ao exterior da cidade foram colocadas dez colunas com capitéis da ordem jónica, enquanto que na parte interior foram colocadas pilastras. Cabeças dos leões, que foram colocadas nas chaves dos arcos centrais, como as cornucópias, instaladas sobre as partes laterais.
                            Pilarim e Neuza frente à porta de Alcalá
 Voltamos para a casa de Pedro e enquanto Pilarim foi cuidar de seus compromissos, eu e Pedro passamos o resto da tarde conversando sobre a vida de cada um, sobre os acontecimentos comuns durante esses 37 anos.

Me falou do seu jeito de ser, da sua  mania de se envolver  com problemas de todos, da família  próxima e dos amigos, fazendo tudo para resolvê-los. Isso gera um grande stress porque as pessos acabam por recorrer a ele em situações problemáticas.  E ele assume. Chegou até uma depressão da qual me falou nos muitos e-mails trocados.

Contou como foi seu último problema de saúde, com um ritmo cardíaco que beirava os 170p/m em repouso.  Fez uma cirurgia de seccionar a veia pulmonar. Parece que deu reseultado. Ultimamente seu pulmão deu o que fazer com um nódulo na base do lóbulo esquerdo. Foi à Barcelona fazer a cirurgia mas está muito bem o que se percebe pela vitalidade  e facilidade em fazer as coisas.

Pedro falou sobre sua familia, a importãncia e valorização que ele dà a ela, sua filosofia de vida baseada no estudo da Biblia (não quero etiquetá-lo com religião nenhuma), quando e porque chegou a isso. Muito consciente e argumentativo.  Não encompridei o assunto para não decepcioná-lo Ainda vou conversar com ele sobre  sua “filosofia” (não quero falar em “religião” porque colocaria um rótulo nas suas crenças) 


Sempre junto com a gente está a cachorrinha Cori que eu conheço da nossa troca de e-mails. Tenho fotos dela novinha.   Já está velhinha, mas é tratada com o maior carinho e cuidado.  Quem a leva para a rua fazer suas necessidades é sempre Pedro. Como ela está velha, Pedro não viaja para não deixá-la com ninguém.

                                                               Esta é Cori


Depois de um café com leite que eu gosto muito esteja onde estiver, Pedro me levou para o hotel prometendo o dia seguinte de novo juntos. 

Foi o primeiro dia na Espanha, em Madrid, com Pedro e Pilarim.

Depois de ordem nas coisas e tentativa frustrada de entrar na Internet, acabei dormindo meia noite. Mas, dormi bem. Feliz.













Comentários

Deixando aqui um beijo pressa linda que já amo, feliz dia pra vocë, Neusa. Feliz longa vida.

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