1922 - CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA – OS MONUMENTOS - 1
O MONUMENTO
DA INDEPENDÊNCIA foi erguido no Ipiranga, o espaço onde fora
dado o conhecido grito de Dom Pedro I – “Independência ou Morte.” Um concurso
foi aberto para escolher o escultor e a obra.
Em 1917, o Governo do
Estado organizou um concurso, aberto à participação de artistas brasileiros e
estrangeiros que apresentaram projetos e maquetes. ...” O projeto de Nicolla
Rollo tinha a simpatia da população. Monteiro Lobato comentou: “Rollo teve a votação
unânime da cidade de São Paulo com exceção apenas de quatro pessoas que, por
coincidência, formavam a Comissão Julgadora”.
O italiano Ettore Ximenes ganhou o concurso,
com apoio do influente Freitas Valle e oposição dos modernistas. Monteiro
Lobato conta que “passeando com um amigo
no Guarujá, cruza com um tipo.........O amigo informa que se trata do escultor
Ximenes – o tal que vai fazer o Monumento da Independência. Como vai fazer?
Como, se o concurso ainda nem se encerrou? O amigo explica: “Ingênuo. Não
conheces ainda São Paulo? Julgas, acaso, que um certame artístico possa ser
regido por um critério moral diferente do que rege os casos políticos e os
concursos para empregos públicos? Concorra quem concorrer – Michelangelo, Rodin...o
vencedor há de ser este Ximenes”
Leitura complementar –
Monteiro Lobato- Ideias de Jéca Tatú -
Royal-street-flush arquitetônico
As discussões se acirraram
quando se anunciou o vencedor: o italiano Ettore Ximenes (1855, Palermo – 1926,
Roma). Dizia-se na época que Ximenes teria
aproveitado peças em que estava trabalhando para um monumento ao czar da
Rússia, não concretizado pelo advento da Revolução Bolchevique. Ximenes ainda teria
pedido verba extra para o governo que só cedeu depois de três anos de
controvérsia e o monumento só foi concluído em 1925
Mário de Andrade também criticou
duramente o projeto escolhido: "O ilustre Sr. Ximenes, que de longe veio,
infelicitará a colina do Ipiranga com o seu colossal “centro-de-mesa de
porcelana de Sévres".
ETTORE XIMENES - (Palermo, Itália 1855 - Roma, Itália 1926).
Escultor, pintor e professor. . É autor de grande número de
monumentos públicos na Itália e no exterior, entre eles: Monumentos
a Giuseppe Garibaldi, em Pesaro, Itália, 1887, e Milão, Itália,
1895; Mausoléu do General Belgrano, Buenos Aires,
Argentina, 1898; Monumento a Bottego, Parma,
Itália, 1907; Monumento a Alexander II,
Kiev, Rússia, atual Ucrânia, 1911; Monumento a Verrazzano, Nova
York, Estados Unidos, 1911. Vem para o Brasil em 1919 e só retorna
definitivamente para a Itália em 1926, ano de sua morte. Nesse período, tendo
sido autor do projeto vencedor de um concurso internacional, dedica-se a
elaboração do Monumento à Independência do Brasil,
erguido no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Executa, também em São Paulo, o Monumento
à Amizade Sírio-Libanesa, ainda por ocasião das comemorações do
primeiro centenário da Independência do Brasil.
A construção monumental em
granito e bronze se apresenta disposta em estágios alternados, ligados por
degraus que a circundam desde a base.
Na face frontal do
monumento, um grande baixo relevo em bronze reproduz o quadro “Independência do
Brasil”, de Pedro Américo. E ainda as estátuas do Padre Diogo Antônio Feijó,
“prócer da Independência e deputado às cortes de Lisboa” e de José Bonifácio de
Andrada e Silva, “o patriarca da Independência”;
Na face posterior, estão as
estátuas de Hipólito José da Costa, “o jornalista da Independência - fundou e
redigiu o ‘Correio Brasiliense’ em Londres” e Joaquim Gonçalves Ledo, “chefe do
movimento da Independência no Rio de Janeiro”
No topo, está um grupo
triunfal formado por 20 figuras em bronze e cerca de 6 metros de altura. Uma
mulher aparece em primeiro plano, com um estandarte e uma lança nas mãos, sobre
uma biga puxada por dois cavalos e seguida pelo povo – uma alegoria à
Liberdade, muito comum à época.
Na lateral esquerda do
monumento, um grupo escultórico em bronze representa “Os Inconfidentes Mineiros
de 1789”,
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