A TURMA DO PATEO DO COLLEGIO

Escrevi sobre a TURMA DO PÁTEO DO COLLÉGIO em maio de 2005

Quatro anos passados, para publicar sobre o grupo, o texto tem que ser repaginado; fazer a versão 2009.
Afinal tudo muda. Muda o ambiente, mudam as pessoas, muda o contexto social, muda o comportamento pessoal, mudam os relacionamentos.
Agora, continua uma tarde de terça feira .

O ano é 2009, o mês é julho e o dia é 01. Ainda não são 14 horas.

Venho das entranhas da terra, da maior estação do metrô paulistano e passo por uma Praça da Sé apinhada, desviando de “meninas-sanduíche” anunciando compra e venda de ouro, banquinhas de vendas de passes e cartões telefônicos, lupas - “especiais para ler a Bíblia” -, ambulantes de balas, chocolates, revistas e mil outras miudezas.

E já estou chegando ao Páteo do Collégio, espaço grande em torno do monumento “Gloria Imortal aos Fundadores de São Paulo” que chama o nosso olhar para cima. E não temos como deixar de ver também a torre do Banespa, um ponto alto da cidade, de onde é possível ter em uma visão de 360 graus, muita coisa da cidade. E olho também para a torre do edifício Rolim para não deixá-la abandonada de tudo, porque ninguém a conhece e ninguém lhe dá um olhar. Um edifício que merecia maior cuidado mas está lá sujinho. Já falei sobre ele.

Entro pelo Museu de Anchieta, passo pelo simpático café e chego ao páteo interno que abriga o restaurante e todo um espaço verde, com um chafariz, árvores que são casas de passarinhos, arbustos de café, uma linda jaboticabeira que no inverno fica repleta das negras frutinhas em seu caule, plantinhas mais baixas e bancos convidativos a uma reflexão relaxante.

Em 2005, sr. VICENTINHO, um velhinho miúdo, com seus passinhos arrastados e seus vivos olhinhos azuis um dos primeiros a chegar. Tem agora 92 anos e sua mulher, Iracema, não deixa mais ele sair, mas ele é sempre lembrado. O mais velho representante vivo da turma. Relembra seus tempos de dançarino. Está sempre procurando uma criança visitante para contar alguma coisa do seu tempo. Seu Vicentinho esteve pela última vez no Páteo em janeiro de 2007, época em que estava com 91 anos. Teve fraqueza nas pernas e não pode comparecer mais.

Geralmente sr. ALFREDO já está lá. Foi alfaiate na Vila Prudente muitos e muitos anos e sempre tem histórias novas para contar. Gosta de músicas antigas brasileiras – e fala com conhecimento de causa sobre sucessos de Francisco Alves, Orlando Silva, Sylvio Caldas. Como trabalhava em casa, ouvia muito o radio das 7h às 22h. É conhecido como o “rei da Memória” ou ‘Enciclopédia ambulante’. Gosta muito também de músicas argentinas (Gardel e Libertad Lamarque), mexicanas e a grande música italiana.

Se ainda não chegou, logo chega sr. HUGO GIOVANELLI com suas histórias de Carmem Miranda, de quem é grande fã e lembranças de seus tempos de morador da Vila Maria Zélia, lá no Belém. Quando chega, seu Hugo distribui simpatia, carinho aos baldes. Já escreveu um livrinho, MEMÓRIAS – HOJE AMANHÃ E SEMPRE – HUGO DE A a Z.

Sr. Hugo é um dos maiores colecionadores de objetos sobre a ‘Pequena Notável’ e em Agosto de 2008, realizou a exposição ‘HUGO RECORDA CARMEM’, na Vila Maria Zélia, com apoio da Associação Cultural do local. Foi lá que o grupo musical amador "Turma do Pateo" iniciou suas atividades.

Sr. Hugo não aparece com muita freqüencia ultimamente pois sua esposa, Dalila, não anda bem de saúde.

Do sr. HORMINDO RATAMERO agora temos só a imagem dele chegando, carregando sua almofadinha cor de ouro para tornar mais confortável o tempo em que estiver sentado para conversar. Do alto de seus 85 anos, só tinha palavras de simpatia sempre relembrando sua admiração por Carlos Gardel de quem tinha 500 gravações, e de quando cantou na Argentina em 1948. No grupo há mais 10 anos era considerado o rei do tango.
Sr. Hormindo sempre cantava sem avisar, “El dia em que me Quieras” ou ‘Por una cabeza’, tangos famosos de outrora. Hormindo cantava e encantava com sua verve.
Em 11 de junho de 2008 foi voar pelo infinito. Deixou muitas saudades.

MILTON, um jovem adulto com pouco mais de 30 anos, entre a maioria de idosos freqüenta o grupo desde que era menino de calças curtas. Seu hobby são músicas brasileiras que ele conhece a fundo. Trabalha na Biblioteca da FFLCH e só aparece quando a USP está em greve, o que acontece invariavelmente uma vez por ano. Hoje ele trouxe sua vitrolinha de manivela e uns discos 78 rpm. E todos se extasiam. Fazem questão dos chiados do disco.


O que tem em comum essa turma que está formando um grupo falante e alegre? É um grupo sem nome oficial, sem estatutos, sem regras e conhecido entre eles como Colecionadores de Discos Antigos.

O grupo inicial teve Roberto Gambardella, Roberto Braga, Braguinha, Alberto Guimarães, Maestro Santângelo, Wanderley, Edmundo, Figueiredo, Antonio Petti, Lomuto, Gouveia... E se reunia no Largo do Thesouro, perto da banca de jornal onde havia uns bancos. O interesse primordial era a troca ou venda de discos das décadas de 30, 40 e 50, informar onde havia esta ou aquela música, trocar informações. Começou há 25 anos, em 1985.

Logo passaram a se reunir já no Páteo, em um cantinho, onde hoje é o estacionamento. Depois da reforma do Pateo, passaram a se encontrar num espaço mais nobre, onde há mesas de cimento com mosaicos e bancos de ferro muito duros, mas ninguém presta muita atenção a isso.

O grupo aumentou, muitos já morreram, outros desapareceram, mas sempre há um grupo maior ou menor que está por lá, seja por gostar de música e de conversar sobre tal, seja porque elegeu o espaço como seu “ponto”.

Não há hora precisa para se chegar, mas é nas terças feiras a partir de 14 horas que o grupo se reúne. Também não há hora para terminar, mas as 17 horas os seguranças do lugar já dão indicações que fecharão as portas logo.

Hoje não se trocam mais muitos discos como antigamente, mas ainda há esse costume, continuam prestativos, gravam fitas e CDs uns para os outros, procuram músicas raras e estão sempre dispostos a trocar e compartilhar o que possuem.

Há muitos colecionadores de discos não só de 33rpm (LPs), mas muito 78 rpm, chegando a alguns milhares de discos para alguns. Os mais modestos têm de 3 a 5 mil títulos. Quem tem mais, tem 25 mil.
Há advogados, arquitetos, professores, representantes comerciais, alfaiates, funcionários públicos. A maioria já está aposentada e tem tempo de sobra para curtir o que gosta.

Nunca se joga conversa fora. Além de música fala-se de cinema, fotografia, resgata-se a memória da cidade e a memória pessoal. Nunca se discute política ou religião.

Vem chegando a PEROLA (Pérola, é o nome que ela mesma escolheu para si). Está sempre presente. Uma carioca extrovertida, bonita, charmosa, colorida e muito prestativa. É grande colecionadora de discos e tem mais de cinco mil LPs, todos catalogados, com capas restauradas. Tem seleção de Boleros Inesquecíveis uma jóia que faz a delícia dos que foram moços na década de 50. E tem muitos discos de fados também. Durante mais de cinco anos foi a única mulher e conseguiu penetrar nesse ‘Clube do Bolinha’, sem forçar.

Certa vez perguntei a Pérola se ela tinha alguma gravação do Adágio de Albinoni. E ela me gravou logo 10 versões diferentes da musica. Ultimamente tem aparecido menos. Sempre há outros compromissos.

HENRIQUE um apaixonado por músicas clássicas, entendido em ópera e tem gravações que são raridades. Sua bengala é sua marca registrada. Sempre me pergunta sobre a jornalista Neide Duarte, com quem tenho algum contato.

Chegam junto os dois Joaquins.

O Joaquim de Pinheiros gosta muito do Ary Barroso e Ray Conniff. Frequentava o auditório da Cidade do Radio, no Sumaré, e viu muito programa de auditório com a Dircinha Costa.

Joaquim Coimbra de Souza faleceu em outubro de 2005 . Apaixonado por musica erudita. Assistiu a Bidu Sayão na Europa e grandes óperas no Covent Garden, de Londres, Ópera de Paris, de Nápolis etc. Era um perfeccionista na reprodução do som dos 78 rpms, tendo importado uma quantidade enorme de agulhas de aço do Japão com a finalidade de ouvir apenas uma vez a reprodução do som dos ‘bolachões’.

Todos esperam pelo sr. Alberto, o NENÊ, no grupo desde os primórdios. É quem tem mais histórias a contar sobre o grupo. Gosta de musica brasileira e portuguêsa, tendo vendido sua coleção de discos raros portuguêses por uma bagatela a um colecionar europeu, tendo sido pago em muitos valiosos euros. Tem 25 mil 78 rpms e 6 mil LPs. Tem tudo do Orlando Silva e outras raridades.
É o sr. Nenê das rosquinhas, saudado por sr. Hormindo na musiquinha: “Quem gosta da rosquinha do Nenê sou eu! [bis] – Venha comer, venha provar. Tenho certeza você vai gostar, Oba!”
Sr. Nenê é também o “rei da piada”, pois sempre tem uma para cada ocasião. Viúvo por três vezes, ensaia um quarto relacionamento.

ADEMAR, DIRCE, VANDER, SIRLEY e eu, NEUZA, éramos recentes participantes em 2005. Chegamos por conta de uma outra atividade do Páteo e fomos ficando, adotados pelos mais antigos. Gostamos das conversas, não somos colecionadores, mas temos em comum o gosto por São Paulo, a memória de uma cidade como ela já foi, e a troca de experiências é enriquecedora.

ADEMAR toca trompete e gosta de montar rádios de galena. Não apareceu mais.

DIRCE era um bom papo. Morreu em 2008 e teve um belo gesto de compartilhamento quando deixou, por escolha própria, seu corpo todo doado para estudo depois de sua morte. Estava sempre em uma atividade ou outra, sempre gostou da companhia de amigos e deixou saudades.

VANDER Loureiro vem curtir lembranças do tempo em que era percussionista e era vocalista do conjunto The Beverlys, considerado os The Platters brasileiros. Hoje canta choros na loja de instrumentos musicais Contemporânea, na rua Gal. Osório.
.
SIRLEY sempre faz coro com outros que gostam de cantar marchinhas de carnaval, valsas ou canções antigas. Assídua, às vezes desaparece um tempo.


Enquanto espero pelos que ainda não chegaram, me dou conta que estou de frente para o que restou de uma construção de valor histórico para a cidade: um pedaço de uma parede de taipa de pilão da antiga sede jesuítica. E a história do Páteo vem aflorando à memória:

13 jesuítas, uma palhoça de 14 pés de comprimento e está fundado o centro de fé de educação de uma vila, futura cidade de São Paulo. A palhoça é aumentada, a igreja é construída, o seminário completa o conjunto. Muito trabalho, muito sacrifício, mas tudo é largado quando os jesuítas são expulsos do país e da sua vila. O governo toma posse, reforma, aproveita a “queda” da igreja e faz construir um grande palácio que é a sua sede. E o “Páteo do Collégio” vira “Largo do Palácio” com chafariz, coreto, obelisco, e tudo a que tem direito. Os jesuítas voltam no meio do século XX, o palácio é demolido e o lugar volta a ser o “Páteo do Collégio” com uma réplica do que teria sido a construção mais antiga. Mais uma reforma e agora o conjunto encanta pelo seu carisma, pela sua significação histórica e religiosa, seu restauro cuidadoso.

PAULO IABUTTI vem chegando. Há mais de 15 anos não falta a uma reunião. Neste 9 de junho de 2009 teve que vir acompanhado da irmã pois quebrou o braço justamente dentro da igreja do Pateo, quando foi pedir permissão ao padre para realização da festa de seu 83º aniversário no dia 31 de Maio de 2009.

Paulo está no grupo há 18 anos. É bastante ativo e eclético, gostando de todo tipo de musica, principalmente a brasileira, que ele diz ser a prima pobre de todas as músicas do mundo. Tem uma coleção de mais de 7.500 LPs, com uma grande seção das Big Bands norte-americanas entre 1935 e 1945. É filho do primeiro casamento mixto de japonês com brasileira, que aconteceu no Rio de Janeiro, tendo seus pais se mudado para São Paulo a tempo de Paulo nascer paulistano. Tem muitos livros sobre a história de São Paulo, nunca esquece o que promete, nem as balinhas de café, que já todos esperam.

ESTEVAM é advogado, e eu o achava meio ranzinza, até conhecê-lo melhor. Aí então tem muito a dizer. Por ”briguinhas de comadre” parou de vir ao Páteo em 2007. Agora reúne um grupinho mais seu no CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil), chegando lá mais tarde, para dar tempo a aqueles que estiveram no Páteo esticarem uma visita a ele.

THAIS MATARAZZO, 25 anos, formou-se engenheira elétrica pela Faculdade Mackenzie em 2008. Faz pesquisas sobre cantoras de rádio da época de ouro da musica popular brasileira - 30’s 40’ e 50’ . Tem muitos trabalhos publicados. Freqüenta as reuniões pelo menos há 5 anos. O grupo para ela é um celeiro de informações.
Atualmente exerce sua profissão de engenheira e faz jornalismo na UNINOVE, pois é o que ela realmente gosta. Possue um blog direcionado para amantes, fãs, colecionadores e admiradores da música popular brasileira e portuguesa das décadas de 1930 a 60. É a atual musa do grupo do Páteo

LUIZ AMORIM começou a freqüentar o Pateo em Outubro de 2004. É fã de musica brasileira, norte-americana e italiana. Já morou nos Estados Unidos e Austrália, conhece muito de cinema antigo e toca violão muito bem.

Sr. MAXIMO – Morava ali mesmo, no Parque Dom Pedro II. Foi florista de profissão e contava muitas coisas interessantes sobre a decoração das igrejas para casamentos nos anos 50 e de como chegou a fazer até 50 buquês de noiva em um único sábado. Morreu em meados de 2008.

“TONINHO PASSARINHEIRO” – Mais de 80 anos. No grupo há mais de 20 anos. Possui a discografia completa de Orlando Silva em 78 rpm e de outros cantores românticos da época de ouro. Era sempre citado pelo radialista Moraes Sarmento em seus programas radiofônicos, pois quando algum ouvinte pedia uma música e Sarmento não a tinha, seu Toninho Passarinheiro sempre arrumava a gravação dentre sua coleção maravilhosa.

Saudades de sr. ÂNGELO MANTOVANI – um eletrotécnico que em 2005 já tinha passado dos 80 anos, grande colecionador de rádios antigos. Ele era a história viva do rádio, com mais de mil horas gravadas em fita e devidamente catalogadas. No pretérito sim, pois quando tudo estava pronto para ser lançada a exposição “No ar... A Memória do Rádio”, no dia mesmo em que a exposição seria aberta ao público ali mesmo no espaço do Páteo, ele nos deixou. Foi fazer a rua “rodinha” lá no céu.

DO CARMO, senhora da alta sociedade da rua Oscar Freire, aparece no Pateo de vez em quando devido aos seus varios afazeres, mas toda vez é sempre bem recebida devido a sua alegria e simpatia.Vem sempre com seu motorista.

IRLEY ROCHA vem sempre. É irmã da famosa cantora Dolores Duran e tem muito o que contar. Tem o nome artístico de Denise Duran e voltou a cantar profissionalmente há pouco tempo. Sempre trás suas lembranças do Rio de Janeiro dos anos 50 e São Paulo dos anos 60.

E há outros que aparecem vez ou outra ou que chegam mais tarde.
Há a ‘banca dos advogados’:
- AMÉRICO, super simpático com sua boina ou chapéu, é um craque tanto no tribunal como no pick-up de uma victróla.
- J.L.FfERRETTI, ex diretor artístico da Radio Gazeta e produtor de discos da gravadora Continental, fez parte do conselho editorial que produziu a famosa coleção ‘Historia da MPB’ da Editora Abril nos anos 70.
- ARIOVALDO, que nunca dispensa o uso do terno-e-gravata e sua pastinha debaixo do braço e um cigarro entre os dedos.
- ESTEVAM, já citado, também faz parte dessa confraria.

Os advogados, principalmente aqueles formados pela São Francisco, são eruditos em Latim e métrica poética, coisa impensada nos dias de hoje, quando a cultura foi esmagada pela mediocridade geral.

Os novos: JJOÃO CARLOS MARTUCCI é meu amigo pessoal lá da musculação. Faz tempo que não aparece mas acaba dando o ar da graça porque chegar ao Páteo é vicio.

LUCIO, mora em Guarulhos, aparece de vez em quando mas sempre é bem recebido; ADERBAL, que chegou por convite, frequentou uns tempos e sumiu. Seu BRILHANTE, que reapareceu depois de longa ausência e sumiu de novo. Sumiços e reapaecimentos são comuns.

Sr. MANUEL, colecionador de filmes de Chaplin e seriados de aventura, que vem sempre acompanhado de sua mulher IVANY.

GOUVEIA, que foi guarda civil nos tempos áureos de São Paulo [pré-Ditadura, quando a polícia era civilizada e não militarizada] e fundador do Grupo fazia tempo que não aparecia mas apareceu hoje, dia 16. Mora em Itaquaquecetuba.

FAUSTO também faz parte do sub-grupo de colecionadores de seriados e filmes de aventura, além de ser um ‘expert’ no conhecimento da historia da musica brasileira.

LUIGI, grande apreciador de musica lírica e linguas estrangeiras. Está de viagem marcada para um giro pela Italia e Europa.

DENIS, responsável por uma produtora MasterClass, tem ido. Muito simpático se integrou rapidamente. Não é da turma dos “velhinhos”. Procura informações sobre Musica Popular Brasileira.

ROBERTO AZEVEDO , na faixa dos cinqüentões, mas com cara de quarentões, é especialista em arte Latino-americana, falando espanhol fluentemente, além de conhecer muito do início da historia do cinema norte-americano, alemão, brasileiro, japonês etc. Seus cabelos brancos traem o rosto de garoto.

GUILHERME THOMAZ DIB, 81 anos e ainda exerce a profissão de alfaiate. Mora em Belo Horizonte e a cada 15 dias aparece por trabalho e chega no Páteo.

IGNACIO, um senhor alto e alto, que canta tangos numa associação da rua Tabatinguera, além de samba-canções com a ‘Turma do Páteo’, um grupo musical iniciado em redor do sr. Hormindo Retamero, quando esse cantava tangos a capella.

MARA, já conhecia o pessoal do Pateo, mas começou a freqüenta-lo com mais assiduidade nos últimos tempos. Além de ter um acervo de milhares de discos e fitas sobre a MPB, possue uma bela voz e canta chorinhos como ninguém. Faz parte da ‘Turma-do-Páteo’ e, dizem, tem um romance com o Nenê.

RENÉ colecionador de mais de 600 gravações diferentes de “Aquarela do Brasil” .

HOMERO, comprador e vendedor de discos há 45 anos, já esteve no grupo há muitos anos e resolveu voltar inesperadamente. É fã de Sophia Loren.

Há ainda a “Ala dos Mais Jovens”, que começou, talvez, com o Milton Baungarten, depois Thais Matarazzo, e mais recentemente:

GABRIEL GONZAGA, vinte anos hoje, que toca violão e já acompanhou sumidades como Salomé Parisio, Luely Figueiró, Agnaldo Timóteo, Denise Duran etc. É fã de musica brasileira, principalmente da fase mecânica de nossa indústria fonográfica.

DIEGO, gaúcho de vinte-e-oito anos, que coleciona coisas sobre cinema e escreveu sua tese de faculdade sobre atores e atrizes brasileiros que trabalharam em Hollywood a partir dos anos 1920, trabalho que será publicado em futuro próximo.

BETO ABRANTES, vinte-e-sete anos, que gosta do início do rock and roll no Brasil, como Celly Campello, Sergio Murilo, Carlos Gonzaga, mas também de cantores românticos dos anos ’50 tais quais Lana Bittencourt, Cauby Peixoto, Titulares do Ritmo, Roberto Luna etc. Beto tb. é fã do Cinema Nacional, com Eliana Macedo encabeçando a lista, seguidos de Oscarito, Grande Otelo, Nancy Wanderley, Heloisa Helena, Catalano, Cyll Farney, Fada Santoro, Ankito, Fred, Anselmo Duarte e outros.

Entre o pessoal do Pateo há vários sub-grupos:

os ORLANDISTAS, fãs ferrenhos de Orlando Silva, os FRANCISQUISTAS ou CHIQUISTAS fãs incontestáveis de Francisco Alves, o ‘Rei da Voz’. Há ainda os CARMISTAS, fãs da eterna Carmen Miranda e, em número menor, os CALDISTAS, fãs do Sylvio Caldas, o caboclinho querido.

Há ainda o sub-grupo dos tecnocratas de gravações, como Milton, Roberto Azevedo, Manuel etc que são os entendidos em reprodução de discos, fitas cassettes, CDs, DVDs e todo tipo de ‘medium’ existente no mercado.

O sub-grupo dos fãs de cinema é quase que um grupo majoritário, sendo que o sub-grupo dos ‘fãs de cinema-de-aventura, ‘farwests’ e seriados’ do tipo ‘Flash Gordon’, ‘Deusa de Joba’, ‘A mão que aperta’ é bem restrito.

Com o sr. Hormindo havia o sub-grupo dos Tangueiros, que a Peróla fazia parte. Há o sub-grupo dos fãs de musica portuguesa, da qual Thais, sr. Gouveia, Manoel, Nenê e outros fazem parte.

Enfim, há uma variedade de sub-grupos entre os vários membros do grupo do Pateo do Collegio.

De vez em quando aparecem visitas para saber que grupo interessante é esse. Sempre é bem acolhido. Hoje, 16 de Junho de 2009, tivemos a visita de Pedro Paulo, 61 anos, portanto dentro da faixa etária da turma, que gosta da História de São Paulo, artes etc. Declamou uma poesia de Guilherme de Almeida para todos. Pode voltar quando quiser.

Em 2008 houve várias ‘baixas’ [falecimentos] no grupo:

sr. ALBANO, um homem magérrimo e simpático, que morava em Santos e sempre que podia subia a serra para participar das reuniões.

sr. BASILIO, simpaticíssimo alfaiate, especialista em Ary Barroso, que mudou-se para o interior do estado e pouco aparecia ultimamente.

sr. MÁXIMO, dono de um grande apartamento no Parque Dom Pedro II, já citado acima.

sr. HORMINDO RATAMERO, tristemente lembrado, foi enterrado no cemitério da Quarta Parada.

DIRCE, que sofria de linfoma há muito tempo, mas administrava a doença com sabedoria, finalmente foi vencida, mas de forma fulminantemente rápida, o que, de certa forma, foi bom, pois Dirce nem percebeu que estava seriamente enferma.

E assim como foi se formando devagar, também devagar vai se desfazendo o grupo. São mais de quatro horas da tarde, alguns vão para bem longe, outros ainda vão circular pelos sebos da região da Sé e rever velhos amigos.

- Tchau,
- Tchau...
Até terça. Não esqueça aquela minha música:

As “meninas” se despedem com beijinhos entre elas e com seus “velhinhos” e os “meninos” com apertos de mão ou abraços amigos.
Mais uma semana em que o Páteo do Collégio testemunha amizades, compartilhamentos, trocas e toda uma gama de sentimentos que fluem e conversas nada fiadas. Fazem uma sadia terapia.

Um lugar feliz de gente feliz

TEXTO DE NEUZA GUERREIRO DE CARVALHO
COLABORAÇÃO PRECIOSA DE LUIZ AMORIM.

VERSÃO 2009

Comentários

Anônimo disse…
vovó neuza, vc me trouxe c esse texto a lembrança de um gde e querido amigo q já se foi a muito tempo! e garanto q ele, DIRCEU,psicoterapeuta, deve ter feito parte desse grupo colecionador. dirceu(teria hoje +- 60 anos) foi meu vizinho qdo morei em SP, na vila mariana. possuia uma coleção de quase 5000 discos e, trimestralmente, ele gravava fitas cassetes (rsrsrs!!!), q denominava "RÁDIO ALVORADA" p distribuir somente aos amigos. cda fita era referente a um assunto, um artista, um ritmo, ou mesmo curiosidades musicais. como coletâneas, interesantimas. teve gardel, pixinguinha, d.duran, lupicinio e p aí a fora! valia a pena esperar a RADIO ALVORADA! esse querido amigo morreu sem diagnóstico (eu acho q foi de paixão!), lentamente sua energia foi se apagando, dpois q sua mulher pediu o divórcio! ele foi embora p outra galáxia 3 meses dpois da separação!
e vc, como sempre nos trás esses ótimos textos!quero ter esse cérebro ativo c sua idade! bju!rosamaria
Sven H. Ø. disse…
Vovó Neuza,

Com certeza a sua "auto estima" vai permanecer em alta se depender de mim, pois estou aqui fazendo o controle de qualidade, na reta final do "dvd Oficinas Kinoforum 09", logo cedo e vieram lágrimas com seu depoimento, ainda mais na hora que você esta ai ouvindo aquela ópera linda no youtube... abraço forte,
do primeiro fã deste dvd do SESC que com certeza chegará em breve nas suas mãos!



Abraço forte,


Sven.
http://deixe-me-fazer-sua-pagina.com/criatividade/atlante.html


http://deixe-me-fazer-sua-pagina.com/meu_perfil
yago disse…
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