ESTRELINHAS – textinho em um Natal
Uma das coisas que me
desesperam é a escuridão total. Perco as referências e me descontrolo. Por
isso, não preciso e não gosto de escuridão para dormir. Tenho sempre a janela
aberta. Vidro fechado para eventuais chuvas, mas veneziana aberta. Às vezes vario a posição da veneziana.
Há algum tempo, meses
talvez. Tive uma experiência interessante: acordei pelas cinco da manhã e ao
abrir os olhos no retângulo iluminado da janela, vi no escuro, duas
estrelinhas. Foi engraçado porque foi
como se me saudassem: duas estrelinhas no meio de um sono a “piscar” para mim.
Gostei.
Depois de um tempo, a visão
se repetiu, mas as estrelinhas já estavam mais próximas da moldura. Claro, a
terra continuou girando e elas mudaram de posição. Gostei de revê-las,
cumprimentei-as e já as considerei “minhas” estrelinhas. Sensação estranha, mas
gostosa.
Nesta noite de Natal,
acordei mais cedo. Eram três horas.
Procurei-as e elas não estavam lá. Ou eu não as via. Mas, ás cinco voltei a vê-la. Uma só tangendo
a moldura da janela. Tive que me virar para ver a outra. E encontrei mais
abaixo um punhado de estrelinhas, não sei se só agora visíveis ou visíveis
nesta noite especial.
E aí me lembrei do nosso
Bilac:
Ora
( direis ) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "
E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "
E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas
Acho que estou em estado de graça quando converso com elas. Só dizer Oi
já me deixa bem. Porque amo meus amigos, meus filhos meus netos, os que se
foram e os que ainda estão aqui. Amo o mundo em que vivo, as músicas que escuto
e imagens que vejo. Amo a minha vida como ela é. E continuo amando, sobretudo aquele que com
sua bondade, tolerância e presença, fez de minha vida um ato de amor. O meu
sempre querido Ayrton.
NEUZA
– dia de Natal 2012
Comentários
Me lembrei da minha amada vovó, que hoje deve estar perto dessas estrelinhas que vc namora.
Prazer conhecer vc e seu blog!
Beijos!
Lu
nicolandoporai.wordpress.com