OPORTUNIDADE DE VER SÃO PAULO “DE NOVO” – segunda parte

Ainda na Praça João Mendes a história da Igreja São Gonçalo que aos domingos reza uma missa em japonês. A História do Teatro São José e o amor de Castro Alves e Eugênia Câmara. O incêndio. Trocas entre a Cúria e a Prefeitura.
Por estreitas ruas chega o “cortejo” ao largo São Francisco. Faculdade de Direito. Sua história – 1828 no convento da igreja. Incêndio e reconstrução. Hoje bela peça arquitetônica. Ao lado o prédio também prédio histórico da Escola de Comercio Álvares Penteado atual FAAP. Recentemente restaurada é um testemunho histórico.
E a estátua que mais chama a atenção pela historia: O Beijo Eterno ou Idílio de William Zadig. De bronze, fundida em Kopenhageen A história do monumento a Olavo Bilac
A Igreja de São Francisco

Pela Rua José Bonifácio chegamos á Rua Direita (que não é tão direita assim)
A uma certa distancia vemos o que eu chamaria de bisavô dos arranha-céus da cidade. É o Edifício Guinle, com 7 andares cuja construção data de 1913. Foi o primeiro com essa altura porque até então a maioria era de dois andares. Bem cuidado e preservado por uma loja de calçados.
Ainda na Rua Direita, lembranças e historias das lojas, Lutz Ferrando (óculos) loterias,Casa Sloper, Casa Alemã (Galeria Paulista) de artigos finos em frente ás Lojas Americanas (Casa dos Dois Mil reis) com maneira popular de apresentar e vender a mercadoria.

Largo da Misericórdia
Radio Record (explanação do Milton que é expert no assunto) e seu edifício com as musas sentadas no alto. Edifício das Arcadas sendo recuperado (que alegria!!!)

“Minha” rua Direita.Como era no inicio da década de 40.

Com a turma já aparentando sinais de cansaço, mesmo assim seguimos:

Praça do Patriarca
A Praça do Patriarca não veio da colônia nem do Império, não teve nomes diferentes, não foi viela, nem rua, nem beco. . Foi feita de propósito como parte de um plano de urbanização. Resultou da demolição de todo um quarteirão para dar vazão ao fluxo de pedestres e veículos.
Entrada da Galeria Prestes Maia fechada. Em outro dia a conheceremos. Prédio restaurado pela metade. Lugar do antigo Mappin, A Exposição, Garbo.
Casa Fretin, Casa São Nicolau.
A Praça do Patriarca em ultima remodelação polemica de Paulo Mendes da Rocha. E a maior surpresa. A estátua de José Bonifácio de costas para o Viaduto seu espaço de maior amplitude. Ele olha para uma rua estreita e na praça causa estranheza essa posição.
Esqueci de mostrar a Casa Lutécia, uma “filiar” do Museu de Arte Brasileira da FAAP. Desculpem.

Passamos para o Viaduto do Chá. A história dos dois viadutos. O advento do bonde elétrico e suas implicações quase nada tratadas. Teria muito o que falar. Falha nossa.
O quadradão dos Matarazzo, feito em mármore travestino, com projeto do arquiteto de Mussolini. Conhecido como Banespinha e hoje sede da Prefeitura. Alguém não sabe? E olhe o que tem lá em cima. Uma florestinha com 300 espécies vegetais e agora também um heliporto. Os grandes prédios que substituíram o Palacete Prates, na beira da Libero Badaró, na beira do planalto. Daí só o Vale.

Paramos no meio do Viaduto, lado direito de quem vai para o Centro Novo. Daí se vê bem o Vale do Anhangabaú com os belos jardins agora tratados pela Votorantim que ocupa o prédio do antigo Hotel Esplanada. Pudera, é o seu jardim!!!! Entre os dois altos prédios o “meu” predinho sujinho, abandonado. É assim que está o avô dos arranha-céus da cidade, o Edifício Sampaio Moreira. Tem 13 andares e foi feito em 1924. Para mim é um dos ícones de São Paulo.
Falei mas não vimos (arvores na frente) a estatua de Verdi com seu anjo de asas tão grandes que a estatua não cabia em lugar nenhum.
O piso do Vale tem desenhos geométricos que ninguém sabe ninguém vê.
Não deu para ver o Conjunto escultório de Carlos Gomes e as esculturas do Vale.

Gostaria de ter falado mais do Municipal, mas falei um pouco do Teatro São José, o substituto daquele que se incendiou e que foi demolido para dar lugar ao prédio da Light & Power fornecedora de energia elétrica para toda a cidade a partir de 1900.

E a previsão do tempo se confirmou. O céu estava azul, tudo era claro, nítido, não havia poluição (era domingo) e a cidade era a cidade que eu gosto, iluminada, ensolarada, vibrante, viva. E tinha que ser Abril, “o claro mês das garças forasteiras” de Vicente de Carvalho.

“Roubei” também o pedaço da Rua Barão de Itapetininga e a Praça da Republica, mas falei um pouco do Largo dos Curros e da Escola Caetano de Campos, também de Ramos de Azevedo.

Do meio do Viaduto do Chá a turma foi se dispersando depois de conversar mais, perguntar mais.

E aí Cristina me fez uma pergunta interessante: A senhora é saudosista?

Já me perguntei isso também. E a minha resposta é: Não.
Seria saudosista se tivesse parado no tempo e enxergasse a modernidade da cidade como um choque. Mas, não parei, fui vivendo junto com as mudanças e me adaptando a elas porque elas foram gradativas. Nunca senti mudanças bruscas. Andei muito de bonde, mas ao mesmo tempo andava de carro. Dirigia junto com os bondes e o transito foi aumentado aos poucos junto com a diminuição dos bondes.

Se eu tenho saudades dos bondes? De jeito nenhum. Tenho os ônibus cheios para substituí-los. Os bondes eram tão cheios quanto, e muito mais lerdos. Seu prazo de validade estava vencido e não tinham condição de sobrevivência.
Hoje convivo com uma rede imensa de ônibus, vou de onde quero para onde quero. Uso a modernidade do metrô que acompanha a rapidez necessária. Circulo pela cidade com mais segurança do que antigamente porque a cada esquina há um sinaleiro, faixas de travessia, guias rebaixadas, e até um minuteiro (primeiro e único que vi) que nos diz quanto tempo dura o sinal verde de travessia dando mais calma e evitando correrias). E sou respeitada pela minha idade.

Uso o que São Paulo tem de cultural porque sua rede de comunicação me mantém a par do que acontece de bom, e posso ir a um Teatro Municipal com roupa que usei no trabalho sem precisar me “emperiquitar” para assistir a uma opera. E os homens felizmente não precisam mais de gravata e paletó. Muito mais gente sai do trabalho para um lazer cultural.

E nem quero falar em Informática. Uso e muito o computador, vou acompanhando o que de novo aparece (em termos é claro) e ostento muito vaidosamente meu pen-drive para palestras, o que muita gente pensa que é um Ipod.

Então, São Paulo de Hoje não é muito melhor do que a de ontem?

Respondida a pergunta de Cristina ficamos os três, Francisco, Cristina e eu de volta ao Largo São Francisco onde tinham deixado o carro.
E eles fizeram a gentileza de me levar para almoçar. E em restaurante que vejo sempre quando subo e quando desço a Rua da Consolação – O Sujinho. Muito famoso.
Almoçamos, conversamos e muito de minha vida foi fluindo, foi sendo contada naturalmente. E nunca uma cervejinha gelada caiu tão bem, em hora tão certa.

Para completar viemos tomar café aqui em casa. O que tenho a oferecer é a vista maravilhosa de um pedacinho de São Paulo, o rio Pinheiros, a marginal, um pedaço da Cidade Universitária e um horizonte bem claro. Pena que não ficaram para o por de sol que aqui é magnífico.

Ainda vimos e viramos minhas pastas, meus escritos, minha vida e tudo o que eu tenho sobre São Paulo. Gosto que saibam o que tenho. Gosto de partilhar tudo o que estudei e pesquisei. De nada me adianta tudo isso se eu quiser guardar tudo para mim.

Fico feliz quando as pessoas sabem o que eu tenho e usufruem disso tudo. Tenho muito orgulho do que fiz e do que faço. Às vezes me pergunto se isso não é por vaidade. Pode até ser. E se for, é um direito que eu tenho. É uma maneira de me valorizar, de aumentar a minha auto-estima, exercer minha cidadania como posso.

Essa atividade de ontem serviu para mim como testes:
- de memória – porque realmente não misturei coisas e sabia direitinho o que e quando aconteceram as coisas. Mais ainda, consigo ainda estabelecer relações de causa, efeito e de contexto social.
- de expressão verbal – não fosse uma tossinha chata, eu teria conseguido me expressar melhor. Ainda sou capaz de substituir palavras quando alguma me falta. Uso bem meu vocabulário. Acho que não gaguejei nenhuma vez.. Ou sim?
- De forma física boa. Não me cansei. Terminei a caminhada tão inteira como comecei.

Ufa!!!! Estou cansada é de escrever

Comentários

Anônimo disse…
Olá Neuza,

Eu fiquei cansada só de ler a aventura.

Infelizmente não deu para ir.
Mas aguardo ansiosa a pauta das aulas que o professor Francisco ficou de provindenciar.

Abraços,
Elza
Anônimo disse…
TESTE DE COMENTÁRIO - FLAVIO
Luiz Netto disse…
Olá Neuza:

De vez em quando passo aqui para ler suas matérias. Gosto muito de ler o que escreve sobre São Paulo,esta cidade amada por muitos, onde me incluo, mas você a estuda de uma maneira muito especial, com documentos colecionados durante muitos anos.
Parabéns pela sua inicitiva de criar o blog e pelas matérias que escreve,pois vejo que além de todas as suas outras atividades ainda encontra tempo para mais esta atividade.
Luiz Netto

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