O PALACETE GLETTE

Na esquina da Alameda Glette com a Rua Guaianazes, no bairro paulistano dos Campos Elíseos, foi construído no fim do século XIX um palacete que por mais de uma década foi a residência do médico e industrial carioca Jorge Street.

Esse industrial transferiu-se com a família do Rio de Janeiro para São Paulo para o tratamento da filha Maria Zélia, de 15 anos que estaria com tuberculose. A menina morreu logo e a família Street fixou-se na cidade, mudando para o palacete adquirido de Firmiano Morais Pinto em 1916. (Firmiano Morais Pinto seria o prefeito de São Paulo em 1920)

Em 1926, o palacete passou por uma grande reforma, que alterou muito o seu aspecto original. Mas era uma residência de luxo, com piscina coberta, quadra de tênis onde aconteciam competições da cidade, garagem para três carros e uma área de lazer ao ar livre, sombreada por uma grande figueira.

Por ocasião da grande crise mundial de 1929, a família Street perdeu tudo e o imóvel já hipotecado passou para o patrimônio da Companhia de Seguros Sul América.

No início do segundo semestre de 1937, o imóvel foi adquirido pelo Estado de São Paulo para instalação do setor administrativo e das cadeiras humanísticas então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Várias dependências do imóvel foram adaptadas e após a conclusão das reformas, tanto a administração como as cadeiras humanísticas foram transferidas para a Escola Normal “Caetano de Campos”.

O palacete passou a ser ocupado pelas várias cadeiras da subseção de Ciências Naturais

A cadeira de Zoologia ocupava o primeiro andar e a de Mineralogia e Petrologia o pavimento térreo, a de Botânica de Geologia e Paleontologia ocuparam outras construções já existentes, e adaptadas, no fundo e na lateral do terreno do palacete.

Em meados de 1938, a cadeira de Biologia Geral foi instalada no sótão do palacete. Em 1947 foi realizada a escavação do porão, para aumentar o espaço que foi ocupado por professores dos cursos de História Natural e pelos Professores Theodosius Dobzhansky (geneticista mundialmente famoso ) e Hans Burla, de Zurique.

No início de 1955, o Departamento de Zoologia e o Departamento de Fisiologia Geral completaram a transferência, iniciada no final de 1954, para a Cidade Universitária. Até 1957 e 1959 todas as cadeiras de Biologia foram definitivamente para o campus do Butantã. E em 1963, o então curso de História Natural, assumiu a atual denominação de curso de Ciências Biológicas.

No início de 1957, foi criado o curso de Geologia, que permaneceu no palacete.
De 1968 a 1969, os Departamentos que originaram o então recém-criado Instituto de Geociências também foram gradualmente transferidos para a Cidade Universitária, deixando o palacete e seus anexos completamente vazios.

Entre 1972 e 1973, parte das edificações foi então alugada para o terceiro distrito policial da Secretaria da Segurança Pública.

À medida que as dependências do palacete e dos anexos foram sendo desocupadas, a falta de manutenção e a precária vigilância favoreceram sucessivas invasões, com depredações, furtos e degradação do imóvel, que virou um cortiço.

Com aprovação do Conselho Universitário, a propriedade foi vendida em 1973 à empresa “Frical (“Fri”, de Otávio Frias de Oliveira e “cal”, de Carlos Caldeira Filho) pertencente ao grupo Folha de São Paulo.

O palacete e os anexos foram logo em seguida demolidos e o terreno alocado para um estacionamento, que funciona até hoje (2008) no local.

A velha figueira exótica (Ficus macrophylla Pers.) e fragmentos do muro original do velho palacete são os únicos vestígios da infância do que são hoje o Instituto de Biologia, Instituto de Geociência, Instituto de Psicologia e Instituto de Quimica.
EU, NEUZA GUERREIRO DE CARVALHO, ENTÃO APENAS NEUZA GUERREIRO, ESTUDEI NO PALACETE GLETTE DE 1948 A 1951. SAÍ LICENCIADA EM HISTÓRIA NATURAL PELA FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, TURMA DE 1951. ME DENOMINO GLETIANA 1951
COM A DEMOLIÇÃO DO PALACETE NÓS OS "GLETIANOS" PERDEMOS A REFERENCIA MATERIAL DO TEMPO DE ESTUDANTES.

Comentários

Unknown disse…
Assim é este País: vai demolindo sua própria história.

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